Atualizado em 24/08/2006 às 19h45
A polícia paulista entregou nesta quinta-feira a representantes do Conselho de Controle de Ativos Financeiros (Coaf) e do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça uma lista de 412 contas bancárias que movimentam dinheiro do crime organizado no estado. Elas estão em nome de 110 pessoas acusadas de manipular o dinheiro do tráfico, efetuando inclusive pagamentos. Também foram identificados 982 números de telefones usados para movimentação, como pedidos de saldo de contas-correntes. A facção é responsável pela venda de drogas em 50 dos 144 presídios paulistas.
Pelo menos uma destas contas foi identificada pelo Ministério Público de São Paulo e consta na denúncia apresentada à Justiça contra 25 integrantes da facção. Trata-se de uma conta-poupança no Bradesco, em nome de Lucas Renato Moreira. Segundo denúncia do MP, Moreira passou o número desta conta à Marilene Carlos Simões, que está presa, para que ela depositasse dinheiro da venda de drogas. A conta foi identificada com a escuta telefônica de uma conversa entre os dois, ocorrida às 17h12 do dia 3 de junho. Marilene repassou ordens para os ataques ocorridos em julho passado.
Foi com dinheiro desta conta movimentada por Moreira no Bradesco, segundo o MP, que a advogada de Marcos Camacho, o Marcola, Maria Cristina Rachado, viajou a Brasília com o objetivo de obter cópia dos depoimentos de delegados paulistas. Os honorários de Maria Cristina, de acordo com a denúncia, eram pagos com dinheiro desta conta e negociados diretamente entre a advogada e Moreira.
A polícia interceptou também conversas de Marilene com outro integrante da quadrilha, Robson de Jesus Silva, pelo celular 919*.5812, no qual ela combinava a entrega de R$ 80 mil na Penitenciária de Presidente Venceslau, onde estão presos integrantes da facção criminosa.
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, informou que o Coaf e o Departamento de Recuperação de Ativos deverão ajudar nas investigações. Os dois órgãos participaram nesta quinta-feira da reunião do Gabinete de Gestão Integrada, criado na semana passada com o objetivo de reunir autoridades federais e paulistas na investigação da facção criminosa que realiza atentados em São Paulo.
Segundo Abreu Filho, o Gabinete de Gestão Integrada está empenhado em secar as fontes e estancar a lavagem de dinheiro do crime organizado. O secretário afirmou que é preciso autorização da Justiça para quebrar o sigilo das contas bancárias. Estado e governo fedeal, afirmou, estão trabalhando em sintonia para cruzar as informações.
Os membros do Gabinete de Gestão Integrada vão se reunir novamente no dia 30 de agosto e 13 de setembro, na capital paulista, para discutir o sistema de inteligência e de lavagem de dinheiro das organizações criminosas. Saulo de Castro disse que divulgará nas próximas reuniões os nomes de empresas envolvidas no esquema de lavagem de dinheiro. Segundo ele, há pressa no bloqueio das contas que continuam sendo movimentadas. O relatório com os nomes dos envovidos na lavagem de dinheirio traz fotografias, nomes dos pais e CPF.
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