• Carregando...

A polícia identificou no sábado (27) duas pessoas supostamente envolvidas na morte de Wellington Rodrigo Segura, de 31 anos, diretor-geral do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Mauá, no ABC paulista.

Segura foi assassinado na noite de sexta-feira (26). O crime ocorreu em Mauá, quando Segura dava carona para a diretora de Recursos Humanos da unidade, Marilene da Silva, de 25 anos. Ele foi executado com mais de dez tiros. A servidora levou quatro tiros de raspão, está internada em um hospital e passa bem. O carro usado no crime, uma Parati preta, foi encontrado no sábado, parcialmente incendiado, na Rodovia Índio Tibiriçá, a 10 km do local do crime.

O delegado Américo dos Santos Neto, que comanda as investigações, não quis adiantar os nomes dos suspeitos. Além da possibilidade de o crime ter sido praticado a mando da quadrilha que age a partir dos presídios paulistas, outra hipótese é investigada: vingança planejada por presos do CDP. A informação de um atentado chegou ao diretor por meio de funcionários. Um dia antes da morte, ele chegou a ser seguido por um Tempra não identificado. E no dia do assassinato, ele recebeu uma ameaça.

Por causa do assassinato do diretor, foram suspensas as visitas neste domingo (28) no Centro de Detenção Provisória (CDP) e penitenciárias de Ribeirão Preto (a 314 km de São Paulo).

Sem saber da suspensão, familiares dos presos foram para os presídios na manhã deste domingo e permanecem no local. Por enquanto, não houve tumulto e a Polícia Militar não foi chamada.

No CDP de Mauá as visitas estão suspensas por 15 dias. No sábado, parentes dos presos protestaram contra a medida na frente do presídio.

Os funcionários das penitenciárias Zwinglio Ferreira, a P-1, e Maurício Henrique Guimarães Pereira, a P-2, de Presidente Venceslau (a 620 km de São Paulo), fizeram uma paralisação no sábado (27). Os presos da P-1 não receberam visitas. Neste domingo (28), será a vez de a suspensão ocorrer na P-2.

De acordo com a nota do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo, "o crime consternou o sistema penitenciário paulista. Nas unidades de Presidente Venceslau os trabalhadores guardam luto pela morte do colega e mantêm apenas os serviços básicos de alimentação e entrega de medicamentos aos presos. Banho de sol e entrega de correspondências foram suspensas".

Linha dura

Conforme o delegado, Segura era um diretor linha dura. "Ele pecava, talvez, pelo excesso." Essa fama foi confirmada por mulheres de detentos, pegas de surpresa no sábado pela suspensão das visitas. Às 11horas, houve até um protesto na cadeia, com início de tumulto, logo controlado. Visitas, banhos de sol e entregas de cartas foram suspensas ainda nas Penitenciárias 1 e 2 de Presidente Venceslau. Os servidores paralisaram as atividades em repúdio ao assassinato.

Segundo Santos Neto, os presos dos CDPs de Mauá e de Santo André receberam a notícia da morte com festa ainda na sexta-feira. "Houve comemoração", disse o delegado.

Segura foi enterrado às 17h de sábado no Cemitério Municipal de Presidente Prudente, a 565 km de São Paulo. O pai, Wanderley Segura, major da reserva da PM, acompanhou o caixão aos prantos e evitou falar com a imprensa. No entanto, seu irmão, Waldir, afirmou que suspeita de uma ação do crime organizado.

O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado de São Paulo, Cícero Sarney, relatou que Segura recebia ameaças, supostamente de integrantes da quadrilha que age nos presídios. Segundo ele, agentes penitenciários de todo o Estado farão uma paralisação na próxima semana, impedindo visitas nos presídios do Estado.

Superlotado

Com capacidade para receber 576 presos, mas superlotado com 713 detentos, o CDP de Mauá é um dos presídios mais problemáticos do ABC paulista. A unidade enfrentou rebeliões, a maior delas em março, durante ações simultâneas em todo o estado.

Segura tinha fama de linha dura e trabalhava na unidade desde fevereiro do ano passado, portanto estava no comando da unidade durante a onda de ataques em São Paulo. O delegado Renato Gomes Camacho, de Mauá, afirmou que Wellington Segura recebia ameaças. "Isso acontece com quem trabalha nessa área", disse.

O sistema prisional entrou em alerta após o assassinato de Segura, em Mauá. Todos os diretores de presídios e carcereiros ligados à Secretaria de Administração Penitenciária SAP) foram avisados para estar atentos e cautelosos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]