Longa espera
Roubo foi registrado pela primeira vez em janeiro. Acompanhe ocaso:
14 de janeiro Servidora da Secretaria da Educação registra boletim de ocorrência na delegacia de Piraquara.
Maio Servidores da Sude protocolam denúncia na secretaria. Dizem que seus nomes estão sendo usados indevidamente para concessão de diárias de viagem.
10 a 25 de junho Comissão de sindicância é instaurada na secretaria. No mesmo período iniciam as investigações no Ministério Público do Paraná.
4 de agosto Corregedoria e Ouvidoria do Estado vão a público informar que documentos roubados em janeiro poderiam comprovar fraudes na secretaria. As quatro primeiras testemunhas são ouvidas pela polícia.
5 de agosto Governador designa o delegado Rubens Caricati para investigar o caso.
A Polícia Civil do Paraná demorou quase sete meses para começar a investigar o sumiço de 17 toneladas de documentos de um depósito da Secretaria de Estado da Educação (Seed). A funcionária que descobriu o furto fez um boletim de ocorrência na delegacia de Piraquara no dia 14 de janeiro deste ano, quando foi instaurado um inquérito policial. Mas a Gazeta do Povo apurou que ela e outras três testemunhas só foram ouvidas pelo delegado Osmar Feijó, de Piraquara, anteontem exatamente no dia em que o secretário especial de Corregedoria e Ouvidoria Geral do Estado, Antonio Comparsi de Mello, falou publicamente sobre o roubo.
A reportagem não conseguiu falar com Feijó para explicar a demora para iniciar a investigação, mas apurou que o excesso de trabalho na delegacia de Piraquara e até a ausência do escrivão por motivo de saúde estão entre as razões. "A polícia sempre reclama de estar sobrecarregada e acaba não levando estas coisas a sério", afirmou Mello.
Os quatro depoimentos pouco ajudam a polícia para chegar à autoria do crime. Uma das testemunhas contou ao delegado que duas funcionárias da prefeitura de Piraquara viram um caminhão vermelho carregando o material no início deste ano mas não souberam dizer a placa do veículo. Uma das funcionárias da Seed revelou que, entre os documentos levados estão comprovantes de prestação de contas de diárias e os comprovantes deste repasse para escolas estaduais.
Todas as pessoas ouvidas disseram que não havia qualquer sinal de arrombamento da porta do barracão onde estavam guardados os documentos. Mesmo assim, o delegado Francisco Alberto Caricati, que desde ontem assumiu as investigações por determinação do governador Orlando Pessuti (PMDB), determinou que o Instituto de Criminalística do Paraná faça uma perícia no local.
"Nenhuma hipótese está descartada sobre a autoria do sumiço destes documentos inclusive para ocultar provas de uma suposta irregularidade", disse ontem Caricati. A irregularidade citada pelo delegado é a suspeita de desvio de cerca de R$ 800 mil, entre janeiro de 2009 e maio de 2010, por meio de diárias de viagens supostamente realizadas por servidores da Seed e da Superintendência de Desenvolvimento Educacional (Sude). O desvio foi apontado numa sindicância interna da Sude.
Para Comparsi de Mello, o furto pode ter relação com as fraudes ocorridas na Seed. "Não acredito que tenham levado estes documentos para vender papel", diz.
Ontem, a Justiça acatou o pedido do Ministério Público e deferiu o pedido de quebra dos sigilos bancário e fiscal de quatro servidores afastados e de dois ex-servidores da Seed. De acordo com a promotora Adriana Vanessa Rabelo, com estas informações será possível saber onde foi parar o dinheiro desviado.
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