Rio (AE) Chegou ao fim a trajetória de crimes do assaltante de residências mais procurado do Rio de Janeiro. Louro, de olhos azuis, Pedro Machado Lomba Neto, o Pedro Dom, um rapaz de classe média que começou a roubar movido pelo vício na cocaína, foi morto pela polícia na madrugada de ontem, aos 23 anos, depois de ser perseguido durante uma hora por ruas da cidade.
O criminoso foi encurralado num corredor dentro do prédio de número 181 da Rua Alexandre Ferreira, na Lagoa, na zona sul, onde se refugiou. "Não vou me entregar!", gritava, segundo os agentes que participaram da operação. Ele entrou no edifício depois de seguir, pelo túnel Rebouças, da zona norte à zona sul, numa motocicleta.
Os policiais monitoravam as ligações feitas pelo celular de Pedro Dom havia dois meses. Ontem, à 0h30, ele telefonou para traficantes da Rocinha, de quem era aliado, pedindo que um motoqueiro que prestava serviços ao tráfico fosse buscá-lo na Vila dos Pinheiros, na zona norte, onde se escondia.
Foi atendido. O motociclista se dirigiu à favela e depois pegou o caminho de volta à Rocinha com Pedro Dom na garupa. Passou pela Linha Vermelha e entrou no túnel Rebouças, que liga as zonas norte e sul. A polícia fechou então a saída do túnel, na Lagoa. Armado de pistola, Pedro Dom atirou diversas vezes contra os policiais, que ordenaram que ele se rendesse.
O criminoso seguiu em frente e furou o bloqueio, mesmo tendo os fuzis da polícia apontados para si. Lançou então uma granada para o alto. Três policiais ficaram feridos sem gravidade, entre eles o delegado Eduardo Freitas, que comandou a operação.
A perseguição continuou pelas ruas da Lagoa. Um tiro disparado pela polícia acertou um dos pneus da moto, e o assaltante a abandonou.
O motociclista, Sandro Soares Tavares, acabou preso. Pedro Dom invadiu então o prédio da Rua Alexandre Ferreira e subiu correndo as escadas. Os policiais entraram no prédio e o perseguiram até o terceiro andar.
Ao reagir foi alvejado. Chegou a ser levado para o Hospital Miguel Couto, no Leblon, mas morreu pouco depois. O corpo tinha cinco ferimentos, segundo a Polícia Civil: no tórax, no pé, mão, braço e ombro direitos.
Ainda no hospital, o pai de Pedro Dom, Luiz Victor D. Lomba, reagiu mal à presença da imprensa. Muito exaltado, insinuou que o filho passou a assaltar para dar dinheiro a policiais que o achacavam desde a primeira vez que foi preso. "Por que vocês não vão atrás de quem extorquiu meu filho e o obrigava a assaltar?", disse Lomba aos fotógrafos.
O chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, atribuiu as declarações ao "desespero do pai". Lomba tinha manchas de sangue no rosto e nos cabelos parecia ter abraçado o corpo do filho ensangüentado no necrotério do hospital.
O bandido coordenava os assaltos a residências, infernizando moradores e policiais responsáveis pelas investigações para a sua captura e de seu bando.
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