A polícia prendeu na manhã desta segunda-feira (17) 52 policiais militares e cinco traficantes em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Outras sete pessoas continuam foragidas.
As investigações apontam que, divididos em grupos e subgrupos, os 52 PMs atuavam nas favelas de Parada Angélica e Imbariê. Eles recebiam de R$ 2 mil a R$ 3,9 mil por semana dos traficantes.
Segundo o delegado André Drumond, da 59ª DP (Duque de Caxias), além de alertar os traficantes com antecedência sobre operações policiais na região, eles subornavam os criminosos para que pudessem agir sem coação na área e até negociavam prisão e libertação dos bandidos.
"Começamos um trabalho de inteligência na área em fevereiro, para desmantelar o tráfico na região. Pegamos pessoas que transportavam drogas, informantes e donos do tráfico e começamos a identificar policiais que se envolviam recebendo dinheiro para dar cobertura a diferente grupos, mais e menos temidos", explicou Drumond.
De acordo com o delegado, o comandante do 15º BPM ajudou a prender seus prórpios funcionários. Entre os presos, no entanto, não há até agora oficiais, a maior patente constatada foi, segundo Drumond, de primeiro sargento.
Como foi a prisão
A maior parte dos 52 policiais foi presa enquanto saía ou chegava ao trabalho no 15o BPM (Duque de Caxias). Cerca de 100 homens da corregedoria de polícia atuaram nas prisões.
"Vamos aguardar o inquérito para apurar o que é crime comum e o que é crime militar e, se comprovado, os policiais deverão ser condenados e expulsos da corporação. O corporativismo não tm espaço na PM", assegurou o corregedor da PM Coronel Paul.Segundo o corregedor, nos últimos três anos 553 policiais militares foram expulsos.
Os presos vão responder por formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, concussão e associação para o tráfico. "A nossa grande satisfação é condenar, munir de provas irrefutáveis para que o juiz não tenha como não condenar", completou Drumond.
Força Nacional pode dar reforço policial
De acordo com o secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame, as prisões vão comprometer a rotina de policiamento na Baixada Fluminense. Os policiais presos correspondem a cerca de 10% do efetivo do batalhão.
"Isso vai nos trazer problemas porque já temos poucos policiais, mas vamos fazer um remanejamento para que isso seja solucionado o mais rápido possível. Preferimos mais policiais desse tipo presos do que atuando dessa maneira nas ruas", afirmou o secretário, que cogita até o uso de homens da Força Nacional para fazer o policiamento da área.
"Essa operação mostra que estamos fazendo um trabalho sério em relação ao desvio de conduta. A sociedade quer menos conversa e mais resultado. Se quisermos oferecer um trabalho de segurança pública à sociedade precisamos desse tipo de trabalho", disse Beltrame.
Questionado se a má remuneração dos policiais influencia atitudes como as flagradas nas investigações, o secretário disse que dignidade não se compra. "O estado precisa fazer o que está fazendo: reequipar a polícia e dar dignidade aos policiais", concluiu.