A polícia prendeu, na tarde desta quinta-feira, três rapazes, um deles menor de idade, que confessaram ter arrastado por mais de quatro quilômetros o menino João Hélio Fernandes, de 6 anos, na madrugada desta quinta, depois que o carro em que ele estava foi roubado em Oswaldo Cruz. Os policiais militares chegaram aos criminosos após investigação que os encontrou no Morro da Serpente, em Madureira. Segundo a PM, o pai de um dos criminosos ajudou a polícia a chegar até os bandidos.
O crime ocorreu durante um assalto. A mãe, uma amiga e uma adolescente de 13 anos conseguiram escapar, mas o garoto ficou preso ao cinto quando os assaltantes arrancaram com o carro. O corpo foi necropsiado no Instituto Médico-Legal (IML) e foi sepultado esta tarde no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. O velório foi realizado a portas fechadas, e somente parentes e amigos da família participam da cerimônia. O caso está sendo investigado pela 30ª DP, de Marechal Hermes.
O delegado titular Hércules Pires do Nascimento afirmou que os bandidos sabiam que o menino estava preso ao carro e tentaram se livrar dele fazendo movimentos em ziguezague com o veículo. O policial disse ainda que os bandidos possivelmente estavam drogados.
Nesta quinta, o governador Sérgio Cabral disse estar chocado com a morte do menino. Segundo a rádio CBN, Cabral se solidarizou com a família que, nas suas palavras, "perdeu barbaramente a criança". O governador disse ainda que tem trabalhado para aumentar o policiamento, mas não deu um prazo para que isso aconteça.
O Disque-Denúncia ofereceu uma recompensa de R$ 4 mil por informações que levem à identificação e à prisão dos assassinos. O telefone é 21-2253-1177, funciona 24 horas e o anonimato é garantido.
Presa ao cinto
O assalto aconteceu na Avenida João Vicente, em Oswaldo Cruz. A mãe do menino João Hélio Fernandes foi rendida ao volante do Corsa Sedan, placa KUN 6481. Ela estava com uma amiga e uma adolescente de 13 anos, que conseguiram sair do carro. Presa ao cinto de segurança, a criança não conseguiu sair. Os bandidos arrancaram com o veículo em alta velocidade, com o menino pendurado. Motoristas e um motoqueiro que passavam no momento sinalizaram com os faróis. Os ladrões ignoraram e continuaram a fuga arrastando o corpo pelo asfalto.
A falta de policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) nas ruas facilitou a fuga. Os bandidos andaram mais de quatro quilômetros, passando pelos bairros de Oswaldo Cruz, Madureira, Campinho e Cascadura. Eles passaram em frente a um quartel do Corpo de Bombeiros, ao Fórum de Madureira e a um quartel do Exército. Os criminosos passaram em frente a dois bares, um na esquina das ruas Cândido Bastos e Silva Gomes e outro na Rua Barbosa com Florentina. As pessoas que ali estavam apavoraram-se com a cena e começaram a gritar.
Um advogado disse que a princípio pensou que fosse um boneco, mas viu o sangue na lataria do carro. Ele e dois amigos seguiram o carro. Ao passarem pelos quebra-molas, o carro saltava e o corpo batia no chão.
- O barulho parecia ser de um papelão sendo arrastado - afirmou.
Demonstrando serem conhecedores da área, os assaltantes abandonaram o carro no final da Rua Caiari, próximo à escadaria que dá acesso à Praça Três Lagoas. Certos de que não seriam presos, estacionaram e trancaram o carro antes da fuga. Segundo testemunhas, os bandidos desceram as escadas calmamente. O advogado disse que, ao se aproximar do carro, teve certeza que era o corpo de uma criança. Pelo celular avisou à polícia. Pouco depois, a rua foi tomada por policiais.
Durante todo o trajeto, os bandidos foram seguidos por um motoqueiro que viu o roubo. Ele levou os policiais até a Rua Cerqueira Daltro, próximo a um supermercado. Ali estava parte da cabeça da vítima e massa encefálica, que foi recolhida e colocada num saco plástico.
O comandante-geral da PM, coronel Ubiratan Ângelo, confirmou, em entrevista à Rádio CBN, que não havia policiais no local do assalto. Ele reconheceu a necessidade de reforço do policiamento. Ubiratan classificou o crime como trágico e contou que o agente que foi ao local começou a chorar e não conseguiu passar a ocorrência.
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