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A Polícia Legislativa do Senado disse ter desarticulado uma quadrilha que aplicou golpes telefônicos em deputados e senadores, em desvios que somam R$ 20 mil nos últimos dois meses. Por telefone, os golpistas pediam dinheiro aos congressistas se passando por outros parlamentares.

Segundo a polícia, o golpe funcionava da seguinte maneira: um dos integrantes da quadrilha telefonava para o parlamentar dizendo ser outro deputado ou senador que estava em seu estado. Na sequência, afirmava ter um problema com o cartão de crédito ou com um carro quebrado - por isso precisava da ajuda financeira do parlamentar para resolver o problema.

O criminoso passava o número de uma conta bancária para depósito da quantia solicitada. Alguns congressistas caíram no golpe.

O diretor da polícia do Senado, Pedro Carvalho, não quis revelar quantos deputados e senadores foram vítimas da quadrilha. Disse apenas que foram menos de dez senadores, mas não soube quantificar o número de deputados.

"É um golpe muito parecido com aquele do sequestro relâmpago. Descobrimos essa quadrilha após queixas de parlamentares. O inquérito foi aberto e vamos encaminhar à Justiça", afirmou.

Quatro integrantes da quadrilha foram identificados agindo em Sergipe e Alagoas - onde os policiais desmontaram a quadrilha. Eles prestaram depoimento, mas foram liberados. Se condenados por estelionato, podem receber penas que vão de 1 a 5 anos de prisão.

A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) confirmou à reportagem que foi uma das vítimas dos criminosos. Ela repassou R$ 1.650 para um dos membros da quadrilha. Disse que sua secretária recebeu uma ligação do "filho" do senador Benedito de Lira (PP-AL) que estaria com um problema em Porto Alegre com o seu carro.

A secretária, segundo a senadora, mandou o seu motorista sacar o dinheiro e entregar pessoalmente ao suposto "filho" do senador.

"Eu estava em Porto Alegre, ligou um vigarista para a minha secretária em Brasília. Ela resolveu todo o problema sem eu ter conhecimento, depois me relatou que havia repassado o dinheiro. Quando eu encontrei com o senador Benedito em Brasília, eu disse que havia resolvido o problema do seu filho. Mas aí ele me disse que seu filho nunca esteve no Rio Grande do Sul", afirmou.

Dias depois, Ana Amélia relatou ter recebido em seu celular uma nova ligação de um criminoso dizendo ser outro parlamentar. Ciente do golpe, ela desligou o telefone. Lira disse que os golpes telefônicos são comuns no país e podem atingir qualquer cidadão, inclusive parlamentares. "O cara conta a história, conhece o senador como se fosse amigo íntimo. As pessoas, de boa fé, caem no golpe. Infelizmente as pessoas não respeitam nada nem ninguém, o cidadão, o político. Imagina quanto um elemento desses fatura a cada mês?", questionou.

Alerta

A Polícia do Senado descobriu os golpes no final do ano passado, quando enviou policiais a Alagoas e Sergipe para investigarem a quadrilha. Os quatro integrantes foram detidos há duas semanas, quando o grupo acabou desmontado.

Os policiais encaminharam e-mails aos congressistas e telefonaram aos 81 senadores para informar sobre o golpe. Segundo Carvalho, vários parlamentares confirmaram ter recebido ligações mesmo sem realizar depósitos nas contas dos criminosos.

Para o diretor da Polícia do Senado, a certeza da impunidade leva os criminosos a cometerem golpes contra autoridades. "O problema não é a audácia. Eles fazem isso porque sabem que não serão punidos. Mesmo eles sendo condenados, nada vai garantir que não farão isso de novo", afirmou Carvalho.

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