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O delegado da 75ª DP (Rio do Ouro), Anestor Magalhães, vai investigar a participação de outros quatro ou cinco supostos envolvidos no seqüestro e morte da universitária Priscila Belfort. Os suspeitos foram apontados por Elaine Paiva da Silva, que confessou o crime ao Ministério Público na última sexta-feira (3).

Além de Elaine, estão em prisão temporária de 30 dias Ailton da Silva Lopes, Hugo de Oliveira Lopes e Silvana Luíza de Oliveira Lopes. De acordo com o depoimento de Elaine, eles também teriam participado do seqüestro. Os três, entretanto, negaram participação no crime. Segundo Elaine, também fariam parte da quadrilha mais seis pessoas, identificadas por ela apenas como Cláudio Macarrão, Leo (ou Marco Antônio), André Neguinho, Paulo e um casal não identificado.

Para o promotor Rubem Vianna, da 2ª Central de Inquérito, o mais importante, neste momento, é o aparecimento do corpo de Priscila. Nas escavações realizadas na quarta-feira (8), num sítio em Rio do Ouro, onde a vítima teria sido morta e enterrada, foram encontrados um par de sandálias rasteiras e um pedaço de tecido.

O material será encaminhado à perícia para determinar se pertenciam ou não à universitária. No dia do assassinato, Priscila, segundo Elaine, usava calça de moleton, blusa preta e sandálias rasteiras. "A localização do corpo é fundamental para dar crédito ao depoimento de Elaine. Outras informações fornecidas por ela estão sendo investigadas. Ela se apresentou como autora do crime e não podemos descartar essa hipótese como verdadeira. Do contrário, ou ela está acobertando alguém ou fez uma grande loucura", disse o promotor, afirmando que todos os citados por Elaine deverão ser ouvidos pela polícia.

Quebra de sigilo telefônico

O delegado vai pedir a quebra do sigilo telefônico do celular de Elaine. Ela quer verificar se, como confessou em seu depoimento, a suspeita fez ligações para a vítima. "Precisamos confirmar algumas informações. Só assim podemos concretizar as provas e contribuir para solucionar o caso", disse Anestor.

Até que haja confirmação das informações passadas por Elaine em seus depoimentos no Ministério Público e na delegacia, as escavações no sitio estão suspeitas. Ao MP, a suspeita confessou ter dado quatro tiros em Priscila – três no peito e um na cabeça – quando ela estava sentada junto a uma árvore, no terreno nos fundos da casa.

Para o delegado, ela contou que outros dois supostos integrantes da quadrilha, Adriano e Leo, teriam disparado contra a vítima e enterrado o corpo no terreno do sítio. Segundo o delegado, baseado no depoimento de Elaine, pelo menos dez pessoas participaram do seqüestro. Anestor contou, ainda segundo a suspeita, que o crime teria sido encomendado por um casal não identificado, ligado a traficantes de drogas, que queriam cobrar uma dívida de Priscila.

Nos depoimentos e em entrevistas, Elaine teria dito que a dívida de drogas, de R$ 9 mil, era de Priscila, de seu irmão Victor, do namorado dela e de um amigo. Elaine contou, também no depoimento, que o casal entrou em contato com o traficante Nilson da Maré, preso em Bangu I, que pediu o seqüestro da universitária.

A suspeita contou que Nilson fez contato com Adriano e Leo, que arregimentou o restante da quadrilha. Pelo seqüestro, Adriano e Leo receberiam R$ 2,5 mil cada um, enquanto que os outros integrantes do grupo receberiam R$ 1,5 mil. A quadrilha levou três meses planejando o seqüestro.

O objetivo, segundo Elaine, era pressionar Priscila para que o namorado da universitária pagasse a dívida. O grupo, de acordo com a suspeita, não tinha intenção de exigir resgate da família da vítima. Em 9 de janeiro de 2004, Elaine teria ligado para Priscila marcando um encontro com a vítima, às 13h, na Avenida Passos, no Centro do Rio. Se a versão da acusada for verdade, a universitária entrou no carro onde estavam Elaine, Adriano, Cláudio Macarrão e Ailton.

Dois cativeiros

No carro, segundo versão de Elaine, Priscila foi vendada e amarrada. A vítima foi levada para um cativeiro em Itaipu, em Niterói. Permaneceu por lá por quase dois meses, até que a quadrilha soube que a polícia pretendia invadir a região à procura de Priscila. A universitária foi transferida, então, para um outro cativeiro no Morro do Estado, em Niterói.

"Depois de um mês, recebemos a informação de que não iriam nos pagar pelo restante do serviço e que a gente se livrasse da Priscila. Só recebi R$ 500 (dos R$ 1,5 mil prometidos) em dezembro. Para que pudéssemos libertá-la, nós a dopamos com muito remédio. Colocamos Priscila no carro e íamos deixá-la no centro de Magé. Mas encontramos duas blitzes pelo caminho e decidimos voltar. Foi quando o Adriano lembrou do sítio abandonado. Eu fui com ela até a árvore no fundo do terreno, tentando acalmá-la. Adriano e Leo brigaram, porque Leo não queria matar. Mas Adriano achou melhor, porque ela tinha visto o rosto de alguns e poderia nos reconhecer", disse Elaine, que acompanhou as escavações feitas no sítio.

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