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Reuniões secretas na calada da noite. Entra e sai de colombianos em carros importados. Uma movimentação estranha na casa onde um dos traficantes mais procurados do mundo, o colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, preso em São Paulo no dia 7 de agosto, morava. São informações que reforçam as suspeitas de que o criminoso manteve muitos encontros no Brasil com outros fugitivos da Colômbia.

Os "sócios" seriam ex-policiais colombianos. Eles pertenceriam ao Cartel Vale do Norte, organização criminosa suspeita de ter cometido cerca de dois mil assassinatos. Para fazer frente ao poder do tráfico, policiais e promotores americanos e colombianos vêm ao Brasil acompanhar as investigações.

"Nós estamos investigando como se aqui estivessem. A prisão do Abadia foi um ponto culminante para deflagrar o início dessas investigações e dos seus tentáculos", disse o superintendente da Polícia Federal de São Paulo, Jaber Saad.

Abadia levava uma vida de luxo. Avaliada em mais de R$ 2 milhões, a mansão do traficante fica em um condomínio de luxo em Aldeia da Serra, na Grande São Paulo. Em praticamente cada cômodo havia uma TV de plasma.

Abadia colecionava objetos caros: relógios de grife, jóias, carros importados e até um iate que está em Santos, no litoral paulista. Ele é avaliado em US$ 1 milhão e parece um apartamento. Descendo a escada, há uma cozinha e três quartos, com duas suítes. Poltronas em couro, TV, DVD, ar condicionado e até cama redonda são alguns dos luxos da embarcação.

Assim como o iate, todos os bens do colombiano foram comprados com dinheiro vivo. Para não levantar suspeitas, foram registrados em nomes de outras pessoas. "O crime de lavagem (de dinheiro) já é complexo, sofisticado, porque vem revestido de uma engenharia sofisticada, que permite justamente que as autoridades não tomem conhecimento da prática dos delitos", disse o juiz federal Fausto de Sanctis, que decretou a prisão de Abadia.

Sem fronteiras

Os caminhos do dinheiro da cocaína no Brasil foram detalhados pelo colombiano em depoimento à polícia. Dólares eram transportados da Colômbia para a Venezuela. Lá, uma pessoa de carro atravessava a fronteira pela cidade de Santa Helena.

Dali, seguia para Boa Vista, em Roraima, e era distribuído para pessoas que embarcavam em vôos comerciais até São Paulo. Dessa maneira, de acordo com Abadia, entre US$ 4 e US$ 5 milhões chegaram às mãos dele.

"É possível o crime se estabelecer de maneira totalmente despreocupada, com a garantia da impunidade, desde que as pessoas tenham a proteção de determinadas autoridades, que deixam de cumprir o seu papel como deveriam cumprir", afirmou o juiz Fausto de Sanctis.

Duas pessoas que dariam este tipo de proteção ao traficante colombiano foram presas esta semana em São Paulo: um agente da Polícia Federal e um suboficial da Aeronáutica. Os dois são suspeitos de fraudar documentos que facilitavam os negócios de Abadia.

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