A polícia sabia que bandidos ligados à facção criminosa que atua no estado tentariam matar agentes penitenciários há duas semanas. Em Diadema, a operação foi interceptada há dez dias com a prisão de 5 pessoas. Em São Bernardo, os policiais ficaram de campana por uma semana, na porta do Centro de Detenção Provisória (CDP), para evitar a ação dos criminosos. Mesmo assim, a polícia não conseguiu evitar o confronto e 13 suspeitos acabaram mortos. Cinco pessoas foram presas.
- Os criminosos morreram durante troca de tiros. Foi tudo estritamente legal - afirma o delegado seccional Marco Antonio Pereira, que comandou a ação da polícia nesta manhã de segunda-feira.
De acordo com Pereira, o grupo de suspeitos tinha ordem para matar de 5 a 15 agentes penitenciários em cada CDP da região do ABC, na Grande São Paulo. Ele afirma que os agentes penitenciários foram avisados pela secretaria de Administração Penitenciária para serem cautelosos. Os agentes chegaram a trocar de ponto de ônibus para ir e voltar do serviço.
Os suspeitos mortos e presos pela polícia nesta segunda-feira em São Bernardo do Campo teriam ordens para matar agentes penitenciários dos CDPs de São Bernardo do Campo, Santo André, Diadema e Mauá. Eles também tentariam resgatar presos, segundo a secretaria de Segurança Pública.
De acordo com Pereira, a ordem para as mortes teria partido dos líderes da facção que estão presos, mas ele não soube dizer em qual presídio. O grupo teria um prazo de 10 dias para executar os agentes. O prazo venceria, provavelmente, nesta terça-feira. O delegado não soube dizer se a ordem seria estendida para todo o estado.
- Depois dos ataques de maio, houve mais rigor dentro do sistema penitenciário. A ação seria uma forma de afrouxar essa severidade - diz Pereira.
Ele afirma ainda que a região do ABC foi escolhida para uma nova onda de ataques a agentes penitenciários porque não teve 'mortes suficientes', em maio, durante a onda de terror em São Paulo. Segundo o delegado, os líderes da facção afirmaram que os criminosos do ABC haviam 'envergonhado a organização'. A informação teria sido obtida por agentes infiltrados na organização e também por informantes. Para o delegado, ao contrário do que afirmou o governador Cláudio Lembo nesta manhã, a escuta telefônica não teve papel importante para bloquear a ação dos bandidos.
Ao todo, 70 policiais participaram da operação. As mortes ocorreram por volta de 7h nas vizinhanças do Centro de Detenção Provisória de São Bernardo do Campo. As primeiras informações são de que elas teriam acontecido de madrugada. Foram apreendidos seis carros, sete pistolas, sete revólveres e uma espingarda.
- Pelo menos quatro suspeitos fugiram e também um caminhão que participava da ação. Eles só não usavam fuzis e metralhadoras porque não conseguiram munição - afirmou o delegado.
Foram presas 5 pessoas na ação e não sete como a secretaria de Segurança Pública havia divulgado. Os detidos são Marlon José de Souza Rosa, Edgar Nogueira dos Santos, Renata Melo Dias, Adriana Pereira Damasceno e Simone dos Anjos. As três mulheres se revezavam 24h na porta do CDP de São Bernardo para vigiar a entrada e a saída de agentes.
- Hoje de manhã, por meio de um microfone de longo alcance, os policiais ouviram a Renata dizer: "saíram três, eles são os primeiros", referindo-se a agentes que saíam do CDP. Diante disso, foi dada a ordem de prisão imediata - afirma Pereira, explicando que Renata foi obrigada a participar da ação por ter dívidas referentes a tráfico de drogas com a facção.
Na lista dos mortos estão Evilson Rodrigues de Oliveira, Eduardo de Jesus Batista, Wellington de Araújo Carvalho (Boquinha), Márcio José dos Santos (Marcinho), Francisco Laurindo dos Santos (de Assis), Fernando de Almeida (Fedô, líder de facção criminosa na região), Adriano Wilson da Silva (Boy), Márcio Tavares e uma mulher identificada como Ana Paula Souza. Outras quatro pessoas foram identificadas apenas pelo apelido: Beiço, Juba, Magu e Caixa.
Todos eles estariam espalhados por pontos próximos do CDP e teriam sido identificados pela polícia conforme se aproximavam do local. Um policial foi atingido, mas não ficou ferido, pois vestia colete à prova de balas.
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