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O policiamento ostensivo desapareceu das ruas do Rio de janeiro nesta quarta-feira (1), 72 horas depois do término dos Jogos Pan-americanos. Uma equipe do G1 percorreu vários bairros do subúrbio e da Zona Oeste, próximos aos locais onde havia reforço do patrulhamento durante o evento, e encontrou moradores aflitos, assustados, reclamando do sumiço repentino da polícia.

Bairros do subúrbio como Engenho de Dentro, onde está localizado o Estádio João Havelange (o Engenhão), Encantado, Piedade, Quintino, Abolição, Todos os Santos e Méier, que no período dos Jogos registrou, segundo a Secretaria de Segurança Pública, uma redução de 60% nos índices de criminalidade, perderam o policiamento 24 horas distribuídos em 25 pontos. O abandono voltou a preocupar os moradores.

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"Até ontem (terça-feira, quando o governador Sérgio Cabral anunciou a desmobilização das equipes da Força Nacional de Segurança), havia policiamento com viaturas em todas as esquinas. Agora, saio às ruas e encontro isso aqui abandonado. Será que essas pessoas não têm nem um pouco de responsabilidade e compromisso com a população?", protestou a dona-de-casa Neusa Foli, 59 anos.

"Elogiei a obra, a festa, com pessoas animadas andando por aqui. Mas estamos devolta à realidade. Voltei a ficar acordada até tarde da noite, preocupada, enquanto minha filha não chega da faculdade", acrescentou.

Outra moradora que ficou frustrada com o desaparecimento da polícia é a comerciante Geneir Gonçalves, 57, que investiu na reforma de sua pousada, vizinha ao Engenhão, para aproveitar os bons ventos dos negócios com o Pan. "Parece que foi tudo ilusão. A gente precisa contar com nossos próprios recursos. Por isso, instalei câmeras para controlar o movimento na rua e das pessoas que entram e saem", disse.

Medo de volta

Morando há 25 anos no Engenho de Dentro, Geneir guarda traumas de períodos violentos que viveu no bairro antes da construção do estádio. "Dois dias antes de reforçarem o policiamento, dois homens armados desceram de um carro, entraram aqui na garagem, e levaram o Corsa de uma amiga, que ainda estava estacionando. Apontaram as armas para as nossas cabeças. Fora isso, fui assaltada várias vezes aqui no bairro.", conta ela, que mora na esquina das ruas Afonso Ferreira e Abolição.

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A secretária Maria Alice da Costa também teme a volta dos incessantes assaltos. "Saio às 5h da manhã para trabalhar na Lagoa, na Zona Sul. Atravesso a passarela, às escuras, e fico na esquina das ruas Teixeira de Azevedo com Luís Silva, um dos pontos dos ataques dos assaltantes. Fazer o quê? Preciso trabalhar. Hoje, quando saí já não vi nenhum policial."

A equipe do G1 constatou a permanência do Posto de Policiamento Móvel, instalado no entroncamento das ruas Doutor Padilha e Oficinas, onde um único policial estava sentado bem à vontade dentro da cabine. "Vou pedir ao comandante do batalhão que mantenha pelo menos esse posto, por enquanto", afirmou o presidente da Associação de Moradores do Entorno do Engenhão, Aníbal Antunes.

Na Cidade dos Esportes, na Barra, onde estão as arenas esportivas multiusos, a equipe percorreu o trecho da Avenida Embaixador Abelardo Bueno por mais de 40 minutos sem encontrar qualquer patrulhinha. O posto fixo que ficava no canteiro da esquina com a Avenida Ayrton Senna foi retirado. No início da tarde, os únicos policiais vistos foram dois PMs em motocicletas seguindo em direção à Avenida das Américas.

O tenente-coronel Marcos Alexandre Santos de Almeida, comandante do 3º BPM (Méier), responsável também por outros bairros próximos ao Engenhão, foi procurado mas, segundo um soldado, que se identificou como seu "ordenança", disse que ele estava em reunião e não poderia atender.

O Setor de Relações Públicas do Comando-Geral da PM também foi procurado por correio eletrônico para explicar a mobilização do policiamento e a deficiência apontada pelas pessoas ouvidas pela reportagem, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.

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