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Youssef achou o equipamento em cela na superintendência da Polícia Federal em Curitiba. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Youssef achou o equipamento em cela na superintendência da Polícia Federal em Curitiba.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Dois policiais federais ouvidos nesta quinta-feira (2) pela CPI da Petrobras afirmaram que a escuta instalada na cela do doleiro Alberto Youssef estava ativa e foi feita sem autorização judicial, contradizendo conclusão da sindicância feita pela Polícia Federal (PF).

Defesa de Youssef avalia pedir suspensão da delação premiada

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Advogado do doleiro Alberto Youssef, Antonio Figueiredo Basto estuda pedir a suspensão do acordo de colaboração premiada firmado entre seu cliente e o Ministério Público, depois que um policial federal disse à CPI da Petrobras que instalou uma escuta na cela de Youssef.

Figueiredo Basto adiantou que solicitará à CPI acesso aos depoimentos do agente Dalmey Fernando Werlang e do delegado José Alberto Freitas Iegas, ouvidos na tarde desta quinta-feira (2). “Se isso for confirmado [instalação da escuta], se for verdade, vou pedir a suspensão imediata do acordo de colaboração. Depoimento de CPI é algo muito grave, deixa de ser coisa de bastidores para se tornar público”, afirmou o advogado.

De acordo com parlamentares que acompanharam os depoimentos, os policiais disseram que o aparelho estava ativo e que a instalação foi feita sem autorização judicial. A escuta foi encontrada por Youssef em abril de 2014, pouco menos de um mês após ter sido preso na Operação Lava Jato e bem antes de firmar um acordo de delação premiada.

Na sindicância finalizada em setembro do ano passado, a PF havia concluído que a escuta estava inativa. Outra investigação, porém, já está sendo feita sobre o caso.

A escuta foi encontrada por Youssef em abril de 2014, pouco menos de um mês após ter sido preso na Operação Lava Jato e bem antes de firmar um acordo de delação premiada. Na época, o advogado dele pediu uma investigação, mas a conclusão foi pela inatividade do grampo.

Os depoimentos à CPI, porém, contradizem esta conclusão. Foram ouvidos em uma sessão reservada o agente da PF Dalmey Fernando Werlang, que atuou em Curitiba –onde corre a investigação da Lava Jato – e o delegado José Alberto de Freitas Iegas, que foi diretor de inteligência da PF em Brasília.

Segundo relatos dos parlamentares que acompanharam a sessão, Werlang admitiu ter instalado a escuta pouco antes de Youssef ter sido levado à cela, e disse ter agido cumprindo ordens de seus superiores na superintendência da PF em Curitiba.

O agente afirmou não ter perguntado aos superiores se tinham autorização judicial, tendo apenas cumprido ordens, justificando que esse é o procedimento “de praxe”.

Já Iegas disse que foram gravadas conversas enquanto o doleiro e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa estavam presos na mesma cela da superintendência da PF em Curitiba. Com isso, segundo Iegas, as informações obtidas nos diálogos eram usadas para interrogá-los.

Werlang afirmou ainda que a escuta ficou ativa por cerca de dez dias. Quando foi achado por Youssef, o equipamento se danificou.

Os dois policiais disseram que era falso um dos argumentos da sindicância da PF, de que a escuta havia sido instalada anteriormente na cela para gravar conversas do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Isso porque, segundo os relatos dos parlamentares, esse equipamento de escuta encontrado na cela só foi enviado à PF de Curitiba depois que o traficante não estava mais lá.

O presidente da CPI , deputado Hugo Motta (PMDB-PB), disse que a suspeita de ilegalidade na instalação da escuta é “grave” e que seus responsáveis devem ser punidos. Parlamentares defenderam a convocação dos demais policiais federais citados no envolvimento no caso, mas afirmaram que a escuta ilegal não deve ser um pretexto para deslegitimar a Operação Lava Jato.

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