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O policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como "Careca", é acusado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal de ser um dos quatro homens escalados pelo doleiro Alberto Youssef para transportar o dinheiro das propinas que ele diz ter pago a políticos e empresários. Preso na Operação Lava-Jato, Jayme Alves foi solto em novembro. Hoje mora no Rio de Janeiro e está temporariamente afastado do cargo de agente da PF lotado no Aeroporto Internacional do Galeão por determinação do juiz da 13ª Vara Federal do Paraná, Sérgio Moro.

Em função de sua atividade na PF, "Careca" tinha facilidade para circular com grandes quantias de dinheiro Brasil afora, fazendo pagamentos em dinheiro vivo a quem quer que o doleiro Youssef indicasse. Segundo sua delação premiada, ele pagou elevadas somas a políticos no Rio, em Brasília e em Minas Gerais. Somente nos anos de 2011 e 2012, teria transportado R$ 16,7 milhões em espécie. Desse total, 13 milhões seriam em reais, 991 mil, em dólares, e 375 mil, em euros. Esses valores constam da contabilidade informal feita pelo doleiro Youssef e apreendida em seu escritório de São Paulo em março, no início da Operação Lava-Jato.

Como transportava altas somas, "Careca" diz que chegava a pedir o apoio de carros-fortes. Na condição de policial, fazia a "escolta" dos carros com dinheiro.Em depoimento dado à PF do Paraná no dia 18 de novembro, "Careca" disse que entregou, em 2010, R$ 1 milhão ao então candidato a governador de Minas Gerais pelo PSDB, Antonio Anastasia, hoje senador eleito pelo PSDB de Minas Gerais. Nesse mesmo depoimento, também citou o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como beneficiário do dinheiro que distribuía. Os dois políticos negam conhecer o policial federal e ter recebido valores de Youssef.

O jornal O Globo telefonou para o policial federal no Rio de Janeiro, mas sua mãe, Delma de Oliveira, disse que ele não quer falar com jornalistas. Em seguida, recomendou que sua advogada, Tatiana Maia, fosse procurada. Nesta quinta-feira, a advogada entrou com uma petição na Justiça do Paraná pedindo a apuração do "vazamento seletivo e deturpado de informações que foram prestadas em depoimento sigiloso ao delegado Agnaldo Mendonça Alves no último dia 18 de novembro".

Além de "Careca", Youssef teria outras três "mulas" (transportadores de dinheiro): Rafael Ângulo Lopez, Adarico Negromonte Filho e Carlos Rocha. Ângulo Lopez cuidava do cofre de Youssef no escritório da avenida São Gabriel quando ele não estava em São Paulo. No dia 18 de março, quando a Lava-Jato foi deflagrada, a PF aprendeu uma maleta em sua sala com R$ 500 mil, além do dinheiro que estava em seu cofre: R$ 1,3 milhão e US$ 20 mil. Ele transportava dinheiro em voos domésticos por meio de valises, sacolas ou mesmo amarrado à barriga ou às pernas.

Adarico Negromonte Filho é irmão do ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte, e acusado de trabalhar para Youssef. Conhecido como "Maringá", Negromonte teve seu nome registrado em um dos 32 telefones apreendidos com o doleiro. Negromonte aparece em 34 trocas de telefonemas ou mensagens com Youssef.

Já Carlos Rocha, outra "mula" do doleiro, era utilizado para transportar dinheiro, mas também era usado como ajudante geral, servindo de "laranja" em negócios do doleiro.

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