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O deputado estadual Dobrandino da Silva (PMDB) e o ex-deputado federal Cláudio Rorato incitaram um entrave diplomático entre os governos brasileiro e paraguaio. Ambos desmoralizaram o governo brasileiro e incentivaram protestos na Ponte da Amizade para forçar uma atitude oficial dos dois países contra a apreensão de veículos que passam na fronteira com mercadorias.

Trechos da participação dos dois políticos na reunião em Ciudad del Este, no Paraguai, para discutir o impasse na fronteira, foram mostrados pela TV Paranaense no último dia 31. A reunião ocorreu no dia 6 de março, um dia antes dos paraguaios fecharem a ponte em protesto contra a apreensão de veículos daquele país que atravessam a fronteira com mercadorias, principalmente táxis.

A Gazeta do Povo teve acesso à gravação da reunião na íntegra, que mostra a tentativa de Dobrandino e Rorato de gerar um grande protesto por parte do Paraguai. A intenção é pressionar o governo brasileiro a ordenar a Receita Federal que não apreenda mais veículos paraguaios.

Na opinião do presidente da Associação Brasileira de Direito Internacional, Wágner Menezes, os dois políticos estariam prejudicando a hierarquia legal brasileira e a integração entre os dois países. Ele diz que o Mercosul possui canais de reclamações, inclusive da aplicação das leis e que esse conflito deveria ser resolvido pelo diálogo para não atrapalhar as relações diplomáticas entre Brasil e Paraguai."Não vivemos uma anarquia. Causa estranheza que defendam protestos contra o cumprimento de leis. Eles estão defendendo que o Brasil aja dentro da ilegalidade", diz.

O deputado estadual de Foz do Iguaçu, Reni Pereira (PSB) diz que as declarações de Dobrandino insultam o povo paraguaio. "Não podemos esquecer que existem mais de 300 mil brasileiros na agricultura paraguaia e há mais de um século Brasil, Argentina e Uruguai aniquilaram o país."

Segundo Pereira, brasileiros já estão sofrendo represálias no Paraguai em virtude da crise na fronteira. Para o presidente do diretório estadual do PT, André Vargas, os dois políticos cometeram crime de quebra da segurança nacional. "Não podem ir ao Paraguai incentivar atitudes para criar instabilidade no Brasil. Ultrapassaram os limites, afrontaram as leis do país", disse Vargas.

A crise na fronteira ocorre porque a Receita Federal alega que somente empresas habilitadas pelo setor de transporte internacional de cargas podem levar produtos acima da cota de US$ 300 ou destinados a fins comerciais do Paraguai ao Brasil. No entanto, a fronteira passou a ser passagem comum de táxis e vans que transportam mercadorias em grande quantidade para os sacoleiros até o lado brasileiro.

Tanto Rorato quanto Dobrandino disseram, durante a reunião, que a Receita Federal estaria abusando da autoridade e que, para resolver a situação, era preciso atacar o "cachorro grade", ou seja, o governo brasileiro. Sugerem uma pressão "pesada" para buscar uma solução concreta para o que chamam de "covardia" da Receita.

Citados nas declarações, o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, e o delegado da Receita Federal de Foz do Iguaçu, José Calos de Araújo, foram procurados pela reportagem, mas não comentaram o assunto.

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