Pela primeira vez, políticos do PSDB, PPS e DEM são diretamente envolvidos nas denúncias de formação de cartel nas licitações do metrô e do sistema de trens urbanos de São Paulo. Segundo relatório do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), revelado ontem pelo jornal O Estado de S.Paulo, o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer indicou em depoimento o pagamento de propina a políticos desses partidos e uso do dinheiro do esquema em caixa 2 do PSDB e do DEM. A Siemens é uma das oito empresas investigadas por acertar preços nas licitações.
Segundo Rheinheimer, o atual secretário da Casa Civil do governo de São Paulo, o deputado licenciado Edson Aparecido (PSDB), foi apontado pelo lobista Arthur Gomes Teixeira como um dos recebedores de propina das multinacionais suspeitas de participar do cartel. O ex-executivo também cita o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), aliado dos tucanos, como possível beneficiário.
O documento faz menção ainda ao senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), aos secretários estaduais José Aníbal (Energia), Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico).
No texto, Rheinheimer afirma ainda ter em seu poder "uma série documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no estado de São Paulo durante os governos [Mário] Covas, [Geraldo] Alckmin e [José] Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM". As acusações do ex-diretor da Siemens foram enviadas pelo Cade à Polícia Federal e anexadas ao inquérito que investiga o cartel.
Trata-se do primeiro documento oficial que vem a público que faz referência a supostas propinas pagas a políticos ligados a governos tucanos. Até agora, o Ministério Público e a PF apontavam suspeitas de corrupção que envolviam apenas ex-diretores de estatais como a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metrô. Rheinheimer ainda apontou o vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filipelli (PMDB), e o ex-governador brasiliense José Roberto Arruda como "políticos envolvidos".
Outro lado
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem que solicitou ao Cade e à PF a documentação referente à denúncia para "apurar rigorosamente tudo". O governador descartou a hipótese de afastamento dos secretários citados enquanto não receber o depoimento.
Políticos citados nas denúncias negaram envolvimento no caso e disseram que vão processar os responsáveis pela acusação.
O Cade também negou ter recebido o relatório descrevendo supostos casos de corrupção.
Deixe sua opinião