Paris (AE) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem o brilho do intelectual do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas a autenticidade e a franqueza de um ex-operário, mais preocupado com as questões sociais do país, concordam políticos franceses, até mesmo o ex-ministro socialista da Cultura na gestão do ex-presidente François Mitterrand, Jack Lang, quando definem e comparam as qualidades de Lula e FH, os dois muito próximos à França.
O ex-presidente impressionou pelo discurso à Assembléia Nacional Francesa, mas o atual presidente conquistou com simplicidade a classe política francesa, políticos de direita e esquerda. FH, antigo professor em Nanterre no tempo da ditadura brasileira, e Lula, antigo sindicalista brasileiro próximo à Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), uma das grandes centrais sindicais da França.
O atual presidente, ontem, no discurso de improviso no "garden party" do Palácio do Eliseu, onde foi recebido por Chirac, explicou as razões da proximidade com a França, ao afirmar: "Quero fazer uma confissão. Visito a França desde os anos 80. Tive relações com o movimento sindical e depois com o Partido Socialista. Quando venci as eleições, aqui estive como presidente eleito e fiquei imaginando qual seria a minha relação com o presidente Chirac, sua reação à ajuda a um desenvolvimento mais adaptado ao mundo de amanhã".
Lula está convencido de que o presidente da França trata-se de um homem de Estado, pois foi o primeiro entre os grandes países a assimilar o campo da luta contra a fome. Isso não impede que Lula e o PT continuem mantendo boas relações com outras áreas políticas francesas, pondo acima dos partidos as relações entre Estados. No caso FrançaBrasil, o relacionamento é considerado excelente, apesar do contencioso sobre agricultura.
Quanto a Chirac, Lula está convencido de que o projeto franco-brasileiro contra a fome e a miséria, hoje apoiado por cerca de 50 chefes de Estado, deverá avançar bastante a partir de setembro, quando da reunião prevista para Nova Iorque.
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