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Belo Horizonte (Folhapress) – A Superintendência da Polícia Federal em Minas Gerais informou ontem que, a exemplo do que ocorrera na segunda-feira, em Brasília, um deputado estadual do PFL-MG, George Hilton dos Santos Cecílio, e um vereador do PL em Belo Horizonte, Carlos Henrique da Silva, ambos pastores da Igreja Universal, desembarcaram domingo na capital mineira com "malas e caixas, num total de 11 volumes, contendo cheques e maços de dinheiro, em notas de diversos valores".

Mas, ao contrário da PF de Brasília – que deteve o deputado federal do PFL, João Batista Ramos (SP), bispo da mesma igreja, e os R$ 10,2 milhões que ele transportava –, a PF em Belo Horizonte liberou os parlamentares, não reteve o dinheiro, não contou quanto eles transportavam e não se informou também sobre o destino do dinheiro.

Os dois parlamentares desembarcaram no hangar da Líder Táxi Aéreo, no aeroporto da Pampulha, às 17h45 de domingo. Vinham de Poços de Caldas, no sul de Minas, em dois aviões fretados. Quando desembarcaram, a PF já havia sido avisada pelo Departamento de Aviação Civil (DAC) de que eles transportavam dinheiro.

Liberação

O delegado executivo da PF em Minas, Domingos Pereira dos Reis, foi quem autorizou a liberação do dinheiro e dos parlamentares do PFL e do PL. Ele apenas solicitou que o agente no aeroporto fizesse uma ocorrência, que cita como origem do dinheiro a "doação de fiéis do sul de Minas e do Triângulo Mineiro".

A ocorrência foi encaminhada para Brasília, que poderá somar o caso de Brasília ao caso mineiro. "O registro da ocorrência tem por objetivo iniciar uma investigação", disse ontem Reis, ao explicar a liberação.

Segundo ele, "não havia indícios de ilicitude". Reis disse que "o transportador não estava sendo alvo de investigação" e que "aparentemente não havia a possibilidade de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro". Ele afirmou que o deputado apresentou procuração da igreja para transportar o dinheiro.

"A cobertura da Igreja Universal, que é isenta de tributação, deu uma aparente legalidade, ainda mais sendo transportada por um parlamentar, uma pessoa que devemos respeito pelo cargo que ocupa. Não presumiríamos que esses parlamentares estivessem praticando um crime."

Na ocorrência consta que os parlamentares afirmaram não saber quanto transportavam em dinheiro. Ontem, o delegado disse que o deputado lhe informou depois que eram cerca de R$ 600 mil nas caixas-arquivo, de papelão. Afirmou que o deputado também lhe disse que esse fato "é comum" e que já fez isso "por cerca de quatro vezes".

Reis entende que a liberação em Minas propiciou a apreensão em Brasília. "Acredito que, se tivéssemos feito essa retenção, a ocorrência de Brasília não teria existido (porque ficariam alertados)", disse, acrescentando: "Para Minas Gerais, aquilo (no aeroporto da Pampulha) foi uma coisa de rotina, antes de estarmos vinculados a qualquer apuratório em nível nacional".

A procuradora federal Zani Cajueiro Tobias de Souza pediu ontem à PF que investigue a origem do dinheiro transportado pelos parlamentares. "O que se vai buscar é origem do dinheiro e porque estava sendo transportado em caixas no avião. Há que se ter a comprovação de que, efetivamente, o dinheiro veio do dízimo", afirmou.

O PFL de Minas Gerais informou ontem que amanhã a sua Executiva Estadual irá se reunir "para tratar da desfiliação" do deputado estadual George Hilton dos Santos Cecílio.

O PL de Minas informou que foi formada uma comissão "em caráter de urgência" para analisar o procedimento do vereador Carlos Henrique. O PL evitou falar em expulsão.

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