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Estudo de caso

Controlar conteúdo é ilusão

É praticamente impossível impedir a interatividade na internet e qualquer tentativa de obstruir o debate pode ser contornada quase que instantaneamente. Criado em 31 de agosto, o Blog do Planalto, (http://blog.planalto.gov.br) teve seu primeiro "clone" (http://planalto.blog.br/) 24 horas depois. Além do layout ligeiramente diferente, a cópia se diferencia da original por permitir que o internauta publique seus comentários. Segundo a jornalista Daniela Silva, que criou o clone, o objetivo é democratizar o debate com a população e de experimentar novos modelos de participação política.

Questionada sobre o teor dos comentários publicados, muitas vezes de conteúdo que pode ser considerado ofensivo, Daniela afirma ser "a favor da liberdade de manifestação do pensamento e da responsabilidade do comentador". A assessoria da Presidência, responsável pelo Blog do Planalto foi procurada pela reportagem, mas não quis se pronunciar sobre o assunto. Informou apenas que tudo o que quiser saber sobre o canal de comunicação está na seção "Perguntas e Respostas" do blog. Então fica a dica para quem quiser saber mais sobre o projeto: http://blog.planalto.gov.br/perguntas-e-respostas/. (RD)

Os políticos brasileiros vivem um momento de "colonização" do espaço virtual, que se manifesta em dois estilos de comportamentos contraditórios. Eles estão aderindo às redes sociais como blogs, Twitter e outras ferramentas interativas. Parecem as regras do jogo e começam, ainda que de forma tímida, a interagir com os cidadãos. Ao mesmo tempo, tentam editar leis para controlar as informações e produtos culturais que trafegam na rede.

Hoje há pelo menos 165 representantes do povo – entre governadores, prefeitos e parlamentares – que usam o Twitter para comentar projetos, expor suas opiniões ou falar amenidades. O dado é do Politweets, um site que agrega o conteúdo publicado por esses políticos em um único site. Pelo Politweets, o internauta fica sabendo que o partido com maior número de políticos no Twitter é o PSDB (34), seguido do PT (29), DEM (26) e PMDB (13). O governador José Serra (PSDB) é o mais seguido pelos internautas, com 93.511 seguidores.

Criado pela empresa Ezetiva, o Politweets tem como objetivo facilitar o acesso da população aos microblogs dos políticos. "Hoje, as pessoas têm dificuldades em saber quais são os perfis verdadeiros dos políticos, então resolvemos organizar esse conteúdo", diz um dos criadores do site, Leonardo Santos. Segundo ele, a ideia da página surgiu no ano passado, quando trabalhou na eleição para a prefeitura do Rio de Janeiro, assessorando a candidatura de Fernando Gabeira (PV). "Como lá não houve tantas restrições, pudemos explorar bem a rede", afirma Santos. "Ao mesmo tempo, acompanhávamos o que acontecia nos Estados Unidos, com (Barack) Obama. O que fizemos é basicamente uma cópia do que aconteceu lá."

"Não é um fato negativo os políticos entrarem no ambiente virtual para dialogar", afirma o professor do mestrado em Comunicação da Fundação Cásper Líbero Sergio Amadeu. "É um reconhecimento que, de fato, as redes digitais, tem uma importância cada vez maior. É importante que se abram ao diálogo."

Já o professor de Ciências Po­­­líticas e Direito Constitucio­­nal Carlos Luiz Strapazzon, do Cen­­tro Universitário Curitiba, ad­­verte que a entrada dos políticos nas redes sociais é, em mui­­­tos casos, artificial. Isso porque, diz Strapazzon, parte dos políticos contrata assessores de imprensa para interagirem com os eleitores.

Vontade de controle

A mais recente das tentativas de controlar o conteúdo na rede foi a de restringir a campanha eleitoral na internet. O projeto, porém, acabou derrubado no Senado. Mas esse não é o único projeto que pretende impor algum tipo de controle. O Projeto de Lei 84, de 1999, trata de crimes na área de tecnologia de informação, mas vem sendo chamado por opositores de AI-5 Digital. Entre as críticas ao projeto, estão a imposição de penas muito rígidas para quem infringir normas de direito autoral, assim como a possibilidade de monitorar o tráfego de informações dos computadores.

Na avaliação do professor Sergio Amadeu, a tentativa de controle faz parte do processo de entrada dos políticos no mundo digital. "Eles tentam impedir que a rede seja de comunicação distribuída (ou seja, aberta e livre)." Por essas tentativas de controle, Amadeu considera que a atuação dos políticos na rede é ambígua. "Como quase tudo na rede, há a possibilidade de tornar os governos mais transparentes, mas uma parte dos representantes não se conforma com a democracia nas redes."

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