
O que não pode
A Resolução nº 23.370, do Tribunal Superior Eleitoral, autoriza a propaganda eleitoral a partir de 6 de julho. Portanto, algumas atitudes são vedadas a partir desse período e podem ser consideradas como campanha antecipada no carnaval. Veja algumas delas.
- Distribuição de brindes, como chaveiros, bonés e camisetas.
- Realização de showmícios para a promoção de candidatos.
- Colocação de cavaletes, bonecos e cartazes nas ruas.
- Instalação de outdoors com promoção política.
A equação "feriado de carnaval mais ano eleitoral" chega a um resultado certeiro: trio elétrico é igual a palanque. Na mais popular festa do país, a cartilha do político traz orientações aos desconhecidos, odiados e elogiados. Para quem quer reconhecimento, a orientação consiste em comparecer ao maior número de eventos. Aos malvistos, vale a reflexão: a emoção popular leva a reações sinceras, aumentando o risco das vaias. Se a popularidade for boa, o desaparecimento é a opção sugerida, evitando os riscos da exposição.
Cientista político, o professor da UFPR Adriano Codato diz que não vê problemas na participação dos políticos nas festas. "Faz parte do jogo. Político usa o que estiver à disposição para ter visibilidade, ainda mais próximo de eleição", diz. Mas a presença nem sempre garante o resultado. Na quinta-feira, o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PP), foi vaiado ao chegar em um trio elétrico.
A presidente Dilma Rousseff, que surfa na crista das boas avaliações, vai evitar a folia e descansar na base naval de Aratu, na Bahia. Comportamento oposto ao de 2010, quando, na disputa à Presidência, foi uma ilustre foliona. "Por ser recente na política, esperava participação mais efetiva nesses eventos. Mas a Dilma é intimista e recatada e está com um trunfo na mão, a sua popularidade", diz Maria do Socorro Sousa Braga, cientista política da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
"A participação no carnaval sempre pode virar um mico. E a Dilma não tem o perfil político que gosta de aparecer sempre", diz o professor da UFPR. Tanto Codato quanto Maria do Socorro lembram o ex-presidente Itamar Franco, flagrado ao lado de uma modelo sem calcinha, em 1994.
O governador Beto Richa (PSDB) também está na capital baiana para aproveitar o feriado. Já o prefeito Luciano Ducci (PSB) permanece em Curitiba e deve participar apenas de uma missa, na terça-feira.
Folia
Em cidades com festas mais movimentadas, o carnaval se transforma em evento político até mesmo para as escolas de samba. Em São Paulo, o enredo da Gaviões da Fiel homenageia o ex-presidente Lula: "Verás que o filho fiel não foge à luta. Lula, o retrato de uma nação". E a Vai Vai trata da presidente Dilma na letra de seu samba: "Mulheres que brilham: a força feminina no progresso social e cultural do país". "Pelo histórico do carnaval, há relação forte com a política, pois cria elo entre as lideranças e o público. Algumas escolas de samba fazem brincadeiras políticas", afirma Maria do Socorro.
Para Codato, mais do que o teor das músicas, o financiamento das festas por parlamentares tornam seus nomes mais comentados em determinadas bases eleitorais. "Pré-candidatos a prefeito e a vereador tendem a aparecer bastante e financiar parte das festas. Isso é muito comum no Rio de Janeiro, até porque os donos de escolas costumam colaborar em campanhas políticas", diz. Nesse caso, viabilizar a festa é uma quase garantia de votos das comunidades envolvidas.
Interatividade
Como você avalia a participação de políticos nos eventos carnavalescos?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
O minério brasileiro que atraiu investimentos dos chineses e de Elon Musk
Desmonte da Lava Jato no STF favorece anulação de denúncia contra Bolsonaro
Fugiu da aula? Ao contrário do que disse Moraes, Brasil não foi colônia até 1822
Sem tempo e sem popularidade, governo Lula foca em ações visando as eleições de 2026
Deixe sua opinião