Big Brother
Políticos e instituições conectados são mais fiscalizados
O fato de cada vez mais políticos e instituições estarem presentes em redes como Facebook e Twitter é benéfico não apenas por aproximar a política dos cidadãos, mas também por fortalecer a necessidade de o representante do povo ser íntegro e coeso. "Se você faz uma pergunta a um candidato, a resposta pode vir daqui a pouco e não só no próximo comício. Em cima dessa resposta, outras perguntas virão e, assim, você consegue observar se há contradições nas falas do político", explica o filósofo Cássio Marcelo Mochi.
Em termos de perguntas e respostas, a página da prefeitura de Curitiba no Facebook se destaca. Além de fazer rir (e muito, como dizem alguns dos quase 40 mil usuários que curtem a página), ela consegue prestar serviço aos curitibanos, que até ligam menos para o 156, a central de atendimento telefônico oficial do município, já que encontram, na internet, uma maneira rápida de solucionar seus problemas.
Para a coordenadora do curso de tecnologia em produção multimídia da FAE Centro Universitário, Lucina Reitenbach Viana, a prefeitura acertou ao trazer as pessoas para participar de algo de que não estavam acostumadas. "Ela é um bom exemplo porque consegue dar feedback rapidamente. Se ela não conseguir mais fazer isso, vai perder muito", comenta.
Foi com uma postagem com muito senso de humor que a presidente Dilma Rousseff voltou ao Twitter no fim de setembro, de onde estava afastada desde dezembro de 2010. Dilma reapareceu na rede conversando com sua popular sátira, a Dilma Bolada, o que arrancou risadas dos internautas e angariou muitos seguidores.
"[...] Sim & me diverti pra valer. Será que vc tem carteira pra dirigir moto? Se tiver, da próxima vez, podemos atuar no 8º Velozes e Furiosas".
A presidente, no entanto, não é a primeira, a última ou a mais engraçada dos políticos na internet. Só do Paraná, fazem parte da lista de nomes públicos que usam o humor nas ferramentas de mídia social: o senador Roberto Requião (PMDB), o deputado estadual Valdir Rossoni (PSDB) e o vereador Professor Galdino (PSDB) (veja exemplos de postagens cômicas abaixo).
Por mais que piadas, memes e tiradas no Twitter e no Facebook tenham efeito na hora de conquistar compartilhamentos, há ressalvas em relação ao uso do humor nas redes. "Não adianta a pessoa querer ser engraçada na internet e o oposto pessoalmente. Já pensou se a Marina Silva começasse a fazer piadas no Twitter?", questiona a coordenadora do curso de tecnologia em produção multimídia da FAE Centro Universitário, Lucina Reitenbach Viana. "A coisa mais importante é que as imagens do político no online e no off-line façam jus uma a outra", recomenda.
Outro ponto a ser lembrado é que há hora e lugar para tudo, inclusive quando se trata de dar risada: rir pode ser o melhor remédio, mas os políticos não podem querer usá-lo para desviar o foco do que é realmente importante. "As manifestações que aconteceram no país mostraram que o povo está com a paciência no limite quando se trata de questões políticas", lembra o filósofo Cássio Marcelo Mochi.
Para ele, um caminho interessante seria o de usar o espaço para valorizar a transparência. "Essas mídias são muito importantes e podem servir para a prestação de contas. Se o político votou contra ou a favor de um projeto, que exponha com clareza as suas motivações", sugere.
Eleições
A partir de 2007, a campanha de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos fez com que ferramentas online assumissem uma posição privilegiada na disputa pelo voto em todo o mundo conectado. Em 2014, os brasileiros vão às urnas para escolher presidente e governador. Será possível esperar por um aumento de perfis de candidatos? "É claro", responde Lucina, "mas um like no Facebook não equivale a um voto", adverte.
De acordo com a coordenadora do curso de tecnologia, o importante, para os políticos, é nutrir relações autênticas. "Se o candidato criar uma página em cima da hora e chamar eleitores para serem seus amigos ali, isso não tem efeito. Para o usuário, tão fácil quanto curtir a página de um candidato é bloquear o recebimento de notícias do político na rede", diz.
Veja exemplos de postagens dos políticos na rede
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