38,1% de avaliação positiva foi o índice alcançado em setembro pela presidente Dilma Rousseff, de acordo com a pesquisa do Instituto MDA, encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Em julho, a aprovação era de 31,3%.
Atingida em cheio pelos protestos de junho, quando sua popularidade despencou e as chances de reeleição foram abaladas, a presidente Dilma Rousseff conseguiu em dois meses ver sua popularidade voltar a crescer, ainda que modestamente, e, em paralelo, as ações do governo começam a ganhar a disputa política. O ponto considerado decisivo por aliados e interlocutores foi o programa Mais Médicos. Pensado no início do ano como uma vitrine para o ministro Alexandre Padilha disputar o governo de São Paulo, o programa foi abraçado pela presidente como boia de salvação. Ainda em fase de elaboração, quando mais de um milhão de pessoas tomaram as ruas do país, o projeto foi finalizado às pressas e acabou sendo lançado duas semanas após o auge das manifestações.
Depois de um início controverso, a avaliação do Planalto e do Congresso é que o governo conseguiu sair vencedor no embate público em relação ao programa derrotando o discurso das entidades de classe dos médicos. Na avaliação de integrantes da equipe de comunicação da presidente, trata-se do primeiro programa de Dilma, após mais de dois anos e meio de governo, que conseguiu ter "a cara" da presidente. Mesmo a importação de médicos de Cuba, um dos eixos centrais do programa, foi uma briga comprada desde o início pela presidente.
Mas não é só o Mais Médicos que anima os aliados da presidente. No cenário macroeconômico, os últimos meses trouxeram notícias melhores. Os índices mensais de inflação estão mais comportados, o risco de aumento de desemprego não se confirmou e o crescimento do PIB surpreendeu. Para completar, a presidente conseguiu um "inimigo externo" com as revelações de que foi vítima da espionagem da Agência de Segurança Nacional norte-americana.
"Tem quem na crise se encolhe e afunda. E tem gente que na crise vai para cima, enfrenta e cresce, e acho que é o caso da Dilma. Eu acho que as manifestações tiveram um efeito muito positivo para nós, inclusive porque o DNA do PT é ouvir as ruas", avalia o deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ).
O presidente do DEM, José Agripino Maia (DEM-RN), não vê, no entanto, um cenário positivo. "As pesquisas estão mostrando que, mesmo com ela no poder e com uma carga de publicidade monumental, ela está se mantendo em um patamar inferior. Isso não significa recuperação", defendeu.
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