Tucano
Geraldo Alckmin também enfrenta queda na aprovação
Estadão Conteúdo
Os números da pesquisa do instituto Datafolha divulgadas no sábado mostram que a popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT) não foi a única que despencou apenas três meses e meio depois das eleições. Enquanto discute a possibilidade de adotar um esquema severo de rodízio de água em São Paulo para enfrentar a pior crise hídrica do estado dos últimos 80 anos, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) perdeu dez pontos entre os que consideram sua gestão ótima ou boa. Apesar de ter sido reeleito no 1º turno, a popularidade do tucano foi de 48% em outubro para 38% agora. A rejeição ruim ou péssimo foi de 17% para 24%.
Os números são piores que os registrados em junho de 2013, no auge das manifestações contra o aumento da tarifa dos transportes. No dia 27 de junho de 2013, a gestão Alckmin foi citada como ruim ou péssima por 20% dos entrevistados. Outros 38% avaliaram o governo como ótimo ou bom.
Crise hídrica
Os entrevistados deixaram claro que a crise hídrica começou a danificar a imagem do governador.
Para 88% dos ouvidos pela pesquisa, o governador poderia ter feito mais do que fez para evitar a crise da água. Para 37%, o tucano é o responsável pelo desabastecimento no estado.
Durante a campanha, o governador garantiu reiteradas vezes que não haveria racionamento de água no estado. Três meses depois, o governo do estado admite que pode adotar um esquema de rodízio se o nível do Sistema Cantareira atingir um nível crítico no começo de março.
Com o escândalo de desvios e propinas envolvendo a Petrobras dominando o noticiário, inflação e juros altos e a perspectiva de mais um ano sofrível na economia, a popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT) despencou e atingiu a pior marca desde o início de seu primeiro mandato, em janeiro de 2011. Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado mostra que as avaliações de ótimo/bom da gestão Dilma desabaram de 42% dos entrevistados em dezembro, para 23% neste início de fevereiro. O resultado é ainda pior do que o registrado em junho de 2013, quando, em meio aos protestos que tomaram conta do país, a popularidade da presidente caiu de 57% para 30% em três semanas.
Em movimento inverso, o índice dos que consideram seu governo ruim/péssimo saltou de 24% para 44%, entre dezembro do ano passado e este mês. O número dos entrevistados que acham a administração regular permaneceu estável em 33%. O Datafolha ouviu 4 mil pessoas de 188 municípios entre os dias 3 e 5 deste mês.
De acordo com o instituto, essa é a pior avaliação de um presidente desde dezembro de 1999, quando Fernando Henrique Cardoso tinha 46% de rejeição (ruim/péssimo). Segundo o Datafolha, é a mais rápida deterioração da popularidade de um presidente desde o governo Fernando Collor de Mello, após o anúncio do confisco da poupança.
Após quatro anos de governo, Dilma obteve, de acordo com o Datafolha, a primeira "nota vermelha" de sua gestão: numa escala de zero a 10, seu governo agora tem 4,8.
O Datafolha perguntou a opinião dos entrevistados sobre o grau de conhecimento da presidente sobre os desvios na Petrobras, e 77% deles disseram crer que Dilma sabia da corrupção na estatal. Para 52% dos entrevistados, ela não só sabia como não agiu. Outros 25% disseram que ela nada pôde fazer, mesmo sabendo.
Para 47% dos entrevistados, a presidente é "desonesta". Outros 54% disseram que ela é "falsa" e 50%, "indecisa".
O levantamento revela ainda que, para 60% dos eleitores, Dilma mentiu na campanha 46% acreditam que ela mais mentiu do que disse verdades e 14%, que ela só mentiu.
Repercussão
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado nas últimas eleições presidenciais, disse que a queda na popularidade da presidente Dilma é um reflexo das "mentiras sucessivas" que lançou durante a campanha que a reconduziu ao governo.
Procurado pela reportagem, o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) não quis comentar o resultado da pesquisa. O Palácio do Planalto também não se manifestou.
Para o líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado (PT-AC), uma queda na popularidade da presidente era esperada pelo partido depois de uma campanha eleitoral "sórdida", em que a presidente Dilma foi muito "exposta" e "duramente agredida" pelos adversários.
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