Às vésperas da reunião que deve solapar a sua candidatura ao Palácio do Planalto, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) voltou a apontar a sua munição contra o PMDB e insistir que vai espernear até o fim pelo lançamento de seu nome à Presidência da República. Em entrevista concedida ao programa "É Notícia", da Rede TV!, que foi ao ar ontem, o parlamentar reafirmou que respeitará a decisão do PSB caso opte por deixar a corrida eleitoral, mas que não desistirá do intento de se tornar presidente do País.
"Eu vou espernear até terça-feira. Quando abrir a porta da reunião, eu vou estar esperneando, mas vou aceitar com muito respeito a vontade do partido, lamentando muito", afirmou. "Mas nem por isso desisto de me tornar presidente", emendou. O deputado federal ressaltou ainda que só sairá da disputa ao Palácio do Planalto quando o PSB formalizar a sua decisão e assegurou que não será candidato a nada nessas eleições. "Eu vou parar um pouco. Escrever, trabalhar, tentar ganhar algum dinheiro", brincou. "Não serei candidato a nada", salientou.
Em mais um ataque ao PMDB, sigla pela qual militou durante cinco anos, Ciro disse que sente vergonha de ter feito parte da agremiação e de ter convivido "com certas figuras do partido". De acordo com o parlamentar, o problema do PMDB são as suas lideranças. "Hoje quem manda no PMDB não tem o menor escrúpulo ético, republicano, nada. É um ajuntamento de bandidos", acusou Ciro.
Ciro Gomes acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter lhe omitido a suas reais intenções e lembrou que sua pré-candidatura havia sido acertada no final do ano passado, em reunião com a presença do petista. "E houve até lágrimas no encontro", afirmou. Perguntado sobre quem havia chorado, o parlamentar aproveitou a oportunidade para estocar o presidenciável do PSDB, o ex-governador José Serra. "Eu sou bem emotivo. O único que não chora no Brasil é o Serra, que tem olho de cobra e não se emociona com nada", criticou.
Erro estratégico
De acordo com Ciro Gomes, a estratégia do presidente Lula de polarizar a corrida eleitoral entre PT e PSDB está "completamente errada". O presidenciável do PSB acusou os petistas de retomarem o bipartidarismo no Brasil. "É hora de acabar com as eleições disputadas apenas por dois partidos, o que era visto entre Arena e MDB na ditadura militar", defendeu. O pré-candidato do PSB também criticou o debate político concentrado no Estado de São Paulo. "É um debate estadual entre PT e PSDB que se reproduz no País", afirmou.
O parlamentar voltou a elogiar a escolha da ex-ministra Dilma Rousseff como da pré-candidata do PT à Presidência da República. "Não podia ser mais acertada." Mas criticou a falta de experiência política da petista. "Todos nós erramos, mas falta experiência a ela. A Dilma diz que não corre de briga e tem de passar quatro dias se explicando. A Dilma visita o túmulo do Tancredo Neves e o pessoal lembra que o PT ficou contra o Tancredo no colégio eleitoral. A Dilma vai visitar o Ceará e não dá um telefonema", enumerou. "É muito erro para dez dias de campanha", acrescentou.
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