Decisão sobre novo ministro dos Transportes é adiada
A definição do nome do novo ministro dos Transportes deverá ficar para a semana que vem. A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, telefonou ontem para o líder do PR no Senado, Blairo Maggi (MT), para informar que o encontro da cúpula do partido com a presidente Dilma Rousseff para tratar do ministério só será marcado mais adiante e que ainda não há uma data definida. A expectativa é de que o encontro ocorra na próxima semana.
Uma fonte do governo informa que a presidente Dilma ainda tem dúvidas sobre quem deve suceder Paulo Sérgio Passos nos Transportes. Antes do carnaval, a cúpula do PR apresentou uma lista ao Planalto, incluindo os nomes dos deputados federais Luciano Castro (RR) e Milton Monti (SP), do ex-senador César Borges (BA) e do vereador paulistano Antonio Carlos Rodrigues.
Na tentativa de pressionar o governo a indicar logo o novo ministro dos Transportes, o PR ameaçou votar contra a criação de novas regras para a aposentadoria dos servidores federais e o fundo de previdência da categoria, aprovada na Câmara dos Deputados na terça-feira. Com a promessa de que o problema com o ministério seria resolvido, parte da legenda voltou atrás e votou com o Planalto.
Agência Estado
Em atrito com os evangélicos desde a campanha de 2010, a presidente Dilma Rousseff decidiu ontem incorporar ao governo o PRB, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. O senador e pastor carioca Marcelo Crivella vai assumir o Ministério da Pesca no lugar de Luiz Sérgio (PT-RJ). A mudança também gera repercussão na formação das alianças para as eleições municipais, especialmente em São Paulo.
A crise com os evangélicos cresceu nos primeiros meses de 2012, a partir de declarações feitas em janeiro pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Em palestra durante o Fórum Social Temático, em Porto Alegre, ele disse que o Estado deveria fazer uma disputa ideológica pela classe C, que estaria sob hegemonia de setores conservadores ligados aos evangélicos. Duas semanas depois, Carvalho participou de uma reunião com líderes religiosos no Congresso e disse que foi mal compreendido.
A situação piorou em fevereiro com a nomeação da socióloga Eleonora Menicucci para a Secretaria de Políticas para as Mulheres. No passado, Eleonora foi defensora da descriminalização do aborto, um dos temas mais sensíveis para a bancada evangélica. Formado por cerca de 80 parlamentares, o grupo é um dos mais articulados do Congresso.
Crivella e o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado federal João Campos (PSDB-GO), disseram que a escolha não teve influência da bancada. Já o deputado paranaense André Zacharow (PMDB), representante da Igreja Batista, entendeu a escolha como uma tentativa do governo de "criar pontes" com o segmento. "Ela optou por um nome que tem esse perfil de diálogo", disse Zacharow.
Conflitos
A decisão, porém, pode ter consequências desfavoráveis ao governo dentro da bancada, composta por representantes de igrejas distintas e com conflitos entre si. Atualmente, a ala mais forte é formada por seguidores da Assembleia de Deus. "A Universal praticamente nem atua dentro da bancada; eles sempre falaram direto com o governo", disse um deputado, que pediu para não ser identificado.
A mudança também amplia o loteamento partidário do primeiro escalão federal, um dos motivos para a sucessão de escândalos que levou à demissão de sete ministros nos últimos nove meses. De acordo com nota divulgada pelo Palácio do Planalto, a troca "permite a incorporação ao ministério de um importante partido aliado da base do governo". O PRB será a oitava legenda governista com assento na Esplanada e, entre elas, a que possui menor representação no Congresso Nacional oito cadeiras na Câmara dos Deputados e uma no Senado.
Com a nova adesão, devem crescer as pressões por cargos de partidos que já ocuparam ministérios durante o governo Lula, como o PV e o PTB. Em paralelo, PR e PDT demandam mais poderes nos ministérios que comandam Transportes e Trabalho, respectivamente, em troca de alianças nas eleições municipais.
"O PRB ficou com um ministério insignificante, mas a troca tem muito simbolismo", avalia o cientista político Antonio Flávio Testa, da Universidade de Brasília. A nova etapa da parceria com o partido poderia, por exemplo, facilitar um acordo na disputa pela prefeitura de São Paulo, onde o deputado Celso Russomanno (PRB) é um dos principais adversários do ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT).
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