Sem conseguir avançar com o projeto da minirreforma eleitoral na Câmara, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), subiu o tom e ameaçou dificultar a votação da medida provisória do programa federal Mais Médicos, umas das principais propostas do governo em discussão no Congresso.

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Cunha reclama das manobras regimentais lançadas pelos partidos PT, PDT, PSB, PC do B e PSOL que impediram a discussão do texto aprovado pelo Senado e que afrouxa a legislação em benefício de partidos e candidatos. O PMDB tentou colocar a matéria em discussão na sessão de hoje, mas, por falta de quórum, não houve votação.

O líder do PMDB disse que vai discutir com a bancada na próxima semana se bloqueiam a votação dos Mais Médicos enquanto não houver acordo para a análise no plenário da minirreforma. O programa dos mais médicos tem como objetivo principal aumentar o número de profissionais no interior e em periferias de grandes cidades, permite a atuação no país de médicos formados no exterior sem revalidação de diploma.

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"O PMDB não abrirá mão de votar essa matéria. Se não votar nesta semana, o PMDB voltará a colocar o texto em votação na terça-feira que vem. Não vamos votar nenhuma matéria se não houver acordo para votação dessa matéria", disparou Cunha.O deputado Henrique Fontana (PT-SP) reagiu e disse que o PMDB não deveria fazer "ameaças". "Não podemos fazer política na base da ameaça. Não me parece razoável que o líder que representa o partido do vice-presidente da República ameace que vai obstruir a votação do Mais Médicos", disse.

Cunha disse PMDB não é "vassalo" do PT . "Não aceito censura de quem quer que seja. O fato de o PMDB estar na base e ser o partido do vice [Michel Temer] não dá o direito de dizer que PMDB tem que ser vassalo", afirmou.

O peemedebista, inclusive, passou a lançar mão de um argumento de que o projeto elaborado pelo Senado não precisa respeitar o princípio da anualidade previsto pela Constituição. Segundo ele, a proposta não altera o processo eleitoral.Pela Constituição, é preciso um intervalo de um ano para entrar em vigor uma lei que mude o processo eleitoral.

Os deputados Sílvio Costa (PTB-PE) e Simão Sessim (PP-RJ) disseram concordar com Cunha.

"Nós temos o entendimento que a grande parte desses itens que estão nesse processo não sofrem o problema da sanção da temporalidade eleitoral", disse Cunha.Entre outras mudanças, a proposta acaba com amarras para uso nas campanhas do dinheiro público que financia os partidos --hoje a lei prevê a aplicação obrigatória de pelo menos 20% da verba nas fundações ou institutos partidários.

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A reforma também prevê que a Justiça terá que se limitar ao "exame formal dos documentos contábeis e fiscais apresentados pelos partidos" na análise de suas prestações de contas, "sendo vedada a análise das atividades político-partidárias ou qualquer interferência" na autonomia das siglas.

O texto ainda considera propaganda eleitoral antecipada pronunciamentos que contenham críticas a partidos. O projeto proíbe a colocação de cavaletes em vias públicas, propaganda em bens particulares e limita a contratação de cabos eleitorais.Outro ponto proíbe que candidatos ficha-suja indiquem substitutos às vésperas das eleições. A troca pode ocorrer até 20 dias antes da disputa.