O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró foi transferido no fim da tarde desta quarta-feira (25) para a sede da Polícia Federal de Curitiba. Ele chegou por volta das 18h. Preso na Operação Lava Jato há dez meses, Cerveró estava desde o dia 12 de novembro no Complexo Medico Penal, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
A transferência aconteceu para preservar sua segurança, segundo fontes ligados à PF. O pedido para voltar à carceragem foi feito por seu advogado, Beno Brandão.
Há a avaliação de que a integridade física de Cerveró está em risco depois que ele fechou um acordo de delação premiada -em que entregou provas de que o senador Delcidio de Amaral (PT-MS) tentava interferir nas investigações da Lava Jato e inviabilizar a delação premiada do ex-diretor.
Delcídio, líder do governo no Senado, foi preso na manhã desta quarta-feira acusado de obstruir as investigações da Operação Lava Jato.
Sob a mesma acusação, a Corte ordenou a prisão do banqueiro André Esteves, dono do banco BTG, um dos homens mais ricos do Brasil. A prisão de Delcídio é preventiva, ou seja, sem data para ser relaxada. A do banqueiro é temporária.
Relator dos processos da Lava Jato no Supremo, o ministro Teori Zavascki informou que um dos motivos da prisão do petista foi a oferta de uma “mesada” de pelo menos R$ 50 mil para que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não fechasse acordo de delação premiada na investigação que apura um escândalo de corrupção na Petrobras.
O dinheiro seria fornecido por Esteves, segundo gravação de conversa entre o senador, o advogado Edson Ribeiro -também preso preventivamente, e que cuidava da defesa de Cerveró- e o filho do ex-diretor. A acusação usou essa gravação para pedir as prisões.
O relato do ministro foi feito no início da sessão da Segunda Turma do STF que, em reunião extraordinária, manteve a prisão do petista. A acusação foi apresentada a Teori pela Procuradoria-Geral da República.
FUGA
A Procuradoria apontou ainda que Delcídio indicou a Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, que teria condições de influir sobre ministros do Supremo para garantir a liberdade do ex-diretor da Petrobras e chegou a tratar de uma eventual rota de fuga do ex-diretor caso a Justiça concedesse um habeas corpus a ele.
A ligação do senador com Cerveró remonta ao final dos anos 90, quando Delcídio chegou a comandar a diretoria de gás da estatal no final do governo Fernando Henrique Cardoso (1999-2001). Cerveró era o número 2 de Delcídio.
Com a prisão, a liderança do governo no Senado deverá ficar com um dos vice-líderes. Deputados e lideranças petistas se disseram perplexos com prisão de senador e falam em violação constitucional.
ANDRÉ ESTEVES
Em relação ao banqueiro André Esteves, que também foi preso nesta quarta, os investigadores sustentam que ele teria oferecido apoio financeiro à família de Cerveró para que também não fosse citado na delação.
Além disso, ele teria sido prometido ao advogado Edson Ribeiro -também preso preventivamente- que cuidava da defesa de Cerveró, pagamento de R$ 4 milhões em honorários para que o ex-diretor não firmasse delação.
Teori disse a seus colegas que Esteves tinha cópias sigilosas dos depoimentos que Cerveró prestou aos procuradores para fazer o seu acordo de delação. Esse foi um dos motivos para o pedido de prisão do banqueiro pela Procuradoria Geral da República. Ribeiro não foi detido porque está nos Estados Unidos. Segundo fontes da PF, o ministro Teori pedirá que seu nome seja incluído na lista da Interpol.
A Polícia Federal informou que a gravação foi obtida inicialmente pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e passou “ao conhecimento” da PF. Todos os mandados de prisão e de busca e apreensão foram elaborados e submetidos ao STF pela PGR.
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