O irmão, a cunhada e o filho do prefeito de Itaipulândia, no Oeste do Paraná, foram presos na manhã desta quinta-feira (14) durante operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão vinculado ao Ministério Público do Estado (MP-PR). Além dos familiares do prefeito Miguel Bayerle (PR), foram presos ainda funcionários públicos e empresários da região que possuem ou possuíram contratos com o município sob a gestão de Bayerle.
Denominada de Operação Citrus, a iniciativa do MP desarticulou um esquema de fraudes em licitações destinadas à contratação de empresas responsáveis por serviços de construção civil no município. Os contratos suspeitos investigados somam R$ 10,048 milhões. O MP-PR estima que o desvio de dinheiro público nestes contratos varia de 25% a 40%.
“Nos chegou uma denúncia de que o senhor Paulo Vanderley Bayerle, irmão do prefeito Miguel Bayerle, seria proprietário de uma empresa contratada pelo Governo Municipal para execução de obras na cidade. Após investigações iniciais, descobrimos que Paulo Vanderley atuava no esquema com a participação de laranjas. Por conta disso, demos o nome à operação de Citrus”, explicou o procurador de Justiça e coordenador do Gaeco, Leonir Batisti.
Ao menos dez empresas da região estão envolvidas no esquema. Foram cumpridos nesta quinta-feira quatro mandados de prisão preventiva. Entre estes presos estão o irmão do prefeito, um servidor municipal e dois empresários.
A Justiça cumpriu ainda nove mandados de prisão temporária, um deles contra o filho do prefeito. Mais 13 conduções coercitivas, quando o investigado é convidado para depor sob escolta policial, e nove mandados de busca e apreensão foram realizados.
Dentre os alvos das buscas, os policiais estiveram na casa e no gabinete do prefeito municipal de Itaipulândia. Documentos e computadores foram levados.
“O momento é de analisar toda essa documentação e averiguar qual o nível de participação efetiva do prefeito Miguel Bayerle neste esquema de fraude à licitações e desvio de dinheiro público”, completou Batisti. Todos os mandados foram expedidos pelo Juízo Criminal da Comarca de São Miguel do Iguaçu.
De acordo com assessoria do MP-PR, as investigações foram iniciadas em agosto de 2015 para apurar crimes contra licitações e contratações dirigidas, além de combinações para fraudar certames, principalmente no ramo da construção civil. As ilegalidades seriam direcionadas, sobretudo, para favorecer a empresa do irmão do gestor municipal.
Até o final da tarde desta quinta-feira a prefeitura de Itaipulândia não havia se manifestado sobre o caso. O prefeito Miguel Bayerle não foi encontrado para dar sua versão sobre as suspeitas levantadas pelo Gaeco.
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