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O deputado federal Ivan Valente, acompanhado do vereador paulistano Toninho Vespoli e do deputado estadual Carlos Giannazi, todos do PSOL, realizaram nesta segunda-feira (16) uma manifestação em frente à sede do metrô de São Paulo para pedir a instauração de uma CPI do cartel dos trens paulistas. Junto com militantes do partido, eles lavaram calçada da frente do prédio, no centro de São Paulo. "A principal questão é que as investigações andem", explicou Valente. "Há 20 anos que o PSDB impede a instauração de qualquer CPI no Estado. É escandalosa a atitude do governo de blindar a CPI na Alesp [Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo]. O PSDB está levantando uma cortina de fumaça", acrescentou.

Os militantes do PSOL querem a abertura de uma CPI. Segundo eles, isso faria com que o caso fosse investigado com mais eficiência, com a quebra dos sigilos bancário e telefônico dos envolvidos. "Os procuradores de São Paulo tiveram muitos anos e muitos dados para investigar, mas o caso só foi para frente diante da delação premiada da Siemens", afirmou o deputado. Ele se refere ao acordo em que a multinacional alemã, em troca de punições mais brandas, entregou às autoridades brasileiras papéis que indicam que o governo paulista teve conhecimento e avalizou a formação do cartel.

O caso foi revelado pela Folha de S.Paulo em julho. As situações relatadas vão de 1998 a 2008 e compreendem as gestões Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todas do PSDB. "Foi no mínimo de uma ineficiência absoluta", disse Valente a respeito das investigações do Ministério Público de São Paulo. No fim de outubro, a Folha de S.Paulo revelou que a promotoria da Suíça, após esperar por quase três anos pela cooperação do Brasil, arquivou investigações sobre suspeitos de intermediar o pagamento de propinas da Alstom para políticos do PSDB e servidores do metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

O procurador responsável, Rodrigo de Grandis, disse que a demora ocorreu porque o requerimento havia sido arquivado incorretamente em uma pasta, e, por isso, ficou sem qualquer andamento por dois anos e oito meses. No entanto, o Ministério da Justiça, cobrou Grandis oficialmente várias vezes. Ele também foi alertado verbalmente e via e-mail por colegas que sabiam do requerimento suíço. Grandis, que recentemente esteve de licença para conclusão de mestrado, reassumiu o inquérito neste mês.

Valente é cético em relação às investigações que o governo paulista anunciou depois que as denúncias foram tornadas públicas: "Eu não acredito que isso vá para frente." Três meses depois de abrir uma investigação, a corregedoria do governo de São Paulo já havia ouvido 23 pessoas, mas ainda não apresentou uma conclusão. "Assim como exigimos [na época] a investigação do mensalão petista, também estamos exigindo que o 'trensalão', como chamamos o caso, seja rapidamente investigado", disse o deputado. "É possível que esse escândalo dos trens e da Siemens seja 10 vezes maior, em volume de recursos desviados, que o mensalão", argumentou.Valente ainda criticou o regime de tramitação de inquéritos em segredo de justiça, como é o caso do que foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal). "O segredo de justiça virou uma arma para não investigar nesses casos", disse.

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