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Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal. | Ueslei Marcelino/Reuters
Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Um dia depois de a Polícia Federal ter realizado ações de busca e apreensão na residência de três senadores investigados pela Operação Lava Jato, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fez uma provocação ao dizer que a corporação pode ir à sua casa “a hora que quiser”.

Nesta terça (14), a PF realizou a operação na casa dos senadores Fernando Collor (PTB-AL), ex-presidente da República, Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), ex-ministro.

Todos são investigados por suspeita de envolvimento com o esquema de corrupção descoberto na Petrobras pela Operação Lava Jato. A ação policial representa a primeira ofensiva contra esses políticos desde março, quando o Supremo Tribunal Federal autorizou a abertura de inquéritos sobre 13 senadores e 22 deputados federais acusados por participantes do esquema que se tornaram delatores e passaram a colaborar com as investigações.

Para enfraquecer Cunha, que tem imposto derrotas ao Planalto e terá o controle da Câmara dos Deputados em caso de processo de impeachment contra Dilma Rousseff, o governo conta com uma denúncia contra o peemedebista na Operação Lava Jato, o que pode ocorrer nos próximos dias.

Questionado sobre o que pensava da ação da PF e se temia que sua casa fosse alvo de uma das operações, Cunha respondeu: “Eu não sei o que eles querem comigo, mas a porta da minha casa está aberta. Vão a hora que quiser. Eu acordo às 6h. Que não cheguem antes das 6h para não me acordar”.

O próprio Cunha já confidenciou a aliados que espera ser denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e promete retaliar o Planalto. Publicamente, o peemedebista afirmou, no entanto, não ser possível atribuir a ação ao governo. “Não foi uma ação motivada pelo governo. Não dá para acusar o governo pela ação. O espetáculo talvez você possa acusar mas a ação não. É preciso deixar o tempo e as coisas aparecerem, a partir daí a gente pode fazer um juízo de valor”, disse.

Sobre a atuação da PF nos imóveis oficiais dos senadores, Cunha preferiu não comentar. Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),avalia acionar o STF (Supremo Tribunal Federal) contra a ação da PF. Ele quer garantir a atuação da Polícia Legislativa do Senado, que diz ter sido “atropelada” pelos policiais federais na ação realizada nesta terça.

Renan afirmou ainda que pretende se reunir com o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, para discutir a ação da Polícia Federal em residências e escritórios de políticos. O peemedebista acusou a PF de adotar métodos que “beiram a intimidação”.

Retaliação

Cunha avisou ao vice-presidente da República Michel Temer que irá instalar CPIs prejudiciais ao governo na volta do recesso parlamentar. Estão na fila as do BNDES e dos fundos de pensão. Nesta quarta, Cunha negou que tenha feito tal aviso a Temer porque “todo mundo sabe que isso vai acontecer”.

“Nenhuma CPI agrada ao governo. Haverá novas CPIs sem dúvida nenhuma até porque algumas estão encerrando agora. Em agosto, a fila vai andar”, disse.

Preocupado, Temer conversou com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o informou das intenções de Cunha. Mercadante procurou o presidente da Câmara para tentar apaziguar os ânimos e rechaçar qualquer tipo de interferência do governo na Lava Jato.

Cunha, no entanto, tem dito a aliados que a denúncia contra ele vai ter efeito oposto, prometendo “aumentar a pressão” sobre o governo.

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