Para Roberto Jefferson, a entrevista de Sílvio Pereira foi um "grito de alerta" lançado pelo ex-secretário-geral do PT ao partido e ao governo. "Ele pediu a mão. E o Berzoini deu um chute na cara dele", diz o homem que denunciou o mensalão.

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Contradições – Dos EUA, onde passa uns dias com a família, Jefferson considerou Silvinho "abandonado, ameaçado e confuso". "Num trecho ele admite que tinha de arranjar cargos para 8.000 pessoas. Em seguida, diz que eu inventei que era ele o gerente da distribuição."

Elementar – Por fim, Jefferson acha que Silvinho não tirou do nada o medo de morrer. "Se ele diz que vão matá-lo é porque já ouviu isso de alguém".

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Fica frio – O monitoramento recente do PT e do governo indicava Silvinho sob relativo controle. Emissários checavam periodicamente o estado de espírito do ex-secretário-geral e haviam lhe prometido um emprego.

E eu? – Foi o Encontro Nacional do PT, há uma semana, que tirou Silvinho do sério. Ele não se conformou em ficar de fora do resgate de anjos caídos promovido por Lula no evento.

Só eu? – Antes disso, o braço direito de José Dirceu já se torturava com relatos das reuniões da nova cúpula petista. Contaram-lhe que, nesses encontros, foi chamado mais de uma vez de "corrupto" pelo assessor presidencial Marco Aurélio Garcia.

Primeira vítima – Entre mortos e feridos pela entrevista, petistas computam José Genoíno na primeira categoria. Sua eleição para a Câmara, que já era considerada a mais difícil da turma do mensalão, entrou no terreno da improbabilidade.

Pau a pau – Deve ser decidida no olho mecânico a prévia do PT em São Paulo. No início da noite, aliados de Marta Suplicy e de Aloízio Mercadante cantavam vitória, mas por uma diferença de algo em torno de dois mil votos.

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Juras de amor – Partidários do senador e da ex-prefeita de São Paulo começaram a ensaiar ontem a coreografia do apoio do derrotado nas prévias ao vencedor. Devem fazer uma entrevista conjunta e a tradicional foto de braços erguidos ainda no início da semana.

Inimigo comum – No anúncio do "casamento" Marta-Mercadante, a artilharia se voltará imediatamente para o candidato tucano, José Serra. Os termos do ataque também já estão sob negociação.

PT saudações – Mercadante, que contava com o voto de Lula, foi questionado se o presidente participaria das prévias: "Acho que não. Pelas fotos que eu vi, lá em Minas parece estar melhor que aqui".

Questão de prioridade – Um aliado diz ter ouvido o seguinte de Lula recentemente, ao defender que Eduardo Suplicy saia candidato a deputado federal para abrir espaço ao Senado para Orestes Quércia: "O que nos adianta eleger 50 senadores e perder a Presidência?"

Deixa rolar – A Petrobrás se queixa de ter dado vários avisos ao governo de que estava prestes a estourar o problema com o gás na Bolívia e sempre ter recebido, em troca, orientação para não agir.

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Deu no que deu – O discurso do Planalto e do Itamaraty era sempre que tinham "informações" de que, caso Evo Morales resolvesse nacionalizar a exploração de gás, a estatal brasileira teria "tratamento diferenciado".

TIROTEIO

* Do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) sobre a entrevista de Sílvio Pereira:

– É errada a avaliação de que Silvinho isentou Lula. É a primeira vez que alguém de dentro aponta o presidente como parte do grupo que tomava as decisões. E diz que recebeu do próprio Lula a missão de cuidar dos cargos para os aliados.