Depois do turbulento episódio envolvendo a permanência de Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado, a moderação do senador pelo PT Jorge Viana (AC), vice-presidente da Casa, gerou elogios por parte dos aliados do Planalto e decepção na militância petista e nos movimentos sociais.
A expectativa de parte dos correligionários petistas era de que Viana assumisse a presidência da Casa e suspendesse a tramitação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55, que estabelece um teto de gastos para o governo federal. Líder da minoria no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ) cobrou publicamente essa postura de Viana. Para ele, um petista virar presidente de um poder era um fato político muito importante, que mudaria a correlação de forças na Casa.
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“Nós do PT já conversamos, ontem [terça-feira], o presidente Rui Falcão, esteve aqui [no Senado], conversei com várias entidades dos movimentos sociais, todo mundo fala uma coisa em alto e bom som: é hora de ter firmeza e barrar a PEC 55”, disse Lindbergh.
“Eu tenho certeza que o Jorge Viana vai nos escutar, escutar nossa bancada de senadores, escutar o partido, escutar gente da sociedade, porque o movimento contra a PEC 55 não é coisa de petista, é muito mais amplo, envolveu toda a sociedade”, afirmou.
A pressão não aconteceu apenas dentro do Senado. Um abaixo-assinado online que pedia que o senador suspendesse a tramitação do projeto reuniu mais de 25 mil assinaturas. Em suas contas em redes sociais, Viana também foi cobrado por eleitores, que pressionavam o senador a fazer valer seu discurso contrário à PEC.
“Bombeiro”
Mesmo pressionado, o vice-presidente se manteve ao lado de Renan nas articulações em torno da permanência dele no principal posto do Senado, a despeito da liminar do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), assinada na noite de segunda-feira (5), e que determinava o afastamento imediato do peemedebista.
De perfil moderado, Viana se recusou ao longo do processo a falar desta possibilidade – de adiar a votação da PEC 55/2016 – e se concentrou em ajudar Renan nas articulações em torno da sua permanência no comando da Casa.
Nesta quinta-feira (8), um dia após a decisão do colegiado do STF, que por maioria derrubou a liminar de Marco Aurélio, Viana tem recebido elogios dos colegas senadores. Na primeira sessão de plenário após o episódio, aberta por volta das 10h30 por um sorridente Renan Calheiros, o próprio presidente da Casa fez questão de registrar que o petista havia cumprido um “extraordinário papel”. “Jorge não é petista, é uma instituição suprapartidária”, disse o peemedebista.
Mais cedo, na reunião da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, o líder do governo Temer na Casa, Aloysio Nunes (PSDB-SP), o chamou de “bombeiro” das instituições. Cristovam Buarque (PPS-DF), na mesma reunião, disse que Viana fez “uma respiração boca a boca” nas instituições.
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