Das 217 leis sancionadas pelo governador Roberto Requião desde o início do ano, 68% são declarações de utilidade pública, títulos de cidadão honorário, nomes de obras e criação de datas especiais. Entre as novas leis que passaram a vigorar no Paraná, um número muito pequeno – apenas 45 – trata de políticas públicas, programas ou obras que possam ter influência direta na vida dos paranaenses.

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Os projetos que transformam entidades assistenciais, esportivas, culturais ou religiosas em associações beneficentes de utilidade pública dominam a lista das propostas preferidas pelos deputados estaduais. São 94 projetos, quase todos voltados para municípios do interior que credenciam as entidades a ter benefícios como isenção fiscal e receber recursos públicos municipais, estaduais e federais.

A pauta de discussões do Legislativo também foi invadida neste ano por títulos de cidadão honorário e benemérito (21), denominação de nomes de obras e rodovias (13) e criações de datas comemorativas (10).

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O governo do estado enviou para a aprovação na Assembléia Legislativa 22 mensagens. O restante dos projetos é de autoria dos próprios deputados. Mas descontando aqueles que não acrescentam mudanças significativas no dia-a-dia da população, sobra pouca coisa de maior alcance ou que mereça destaque.

Entre as leis sancionadas pelo governador, pelo menos 15 não são voltadas para a administração pública. Elas estabelecem obrigações para a iniciativa privada, como o uso de lacre higiênico nas latas de bebidas, a construção de banheiros nas rodovias pelas concessionárias de pedágio, a instalação de biombos nos bancos para aumentar a segurança e a disponibilização de cadeira de rodas aos clientes.

No grupo de projetos que estabelece obrigações para terceiros, a lei que ganhou maior repercussão foi sancionada no mês passado: isenta do pagamento de pedágio os veículos emplacados nos municípios onde estão localizadas as praças de pedágio. O ônus da medida, nesse caso, é das próprias concessionárias que exploram as rodovias estaduais.

Existem poucas leis delegando funções para o Executivo. Uma das mais relevantes estabelece que a administração direta e indireta, fundações e sociedades controladas pelo estado têm de pedir autorização para os deputados em todas as operações de compra de créditos e empréstimos.

Os próprios deputados reconhecem que a produção de projetos relevantes é muito tímida diante do volume de propostas que tramitam anualmente pela Assembléia Legislativa. Mas para os parlamentares que se declaram municipalistas e têm base eleitoral nos pequenos municípios, o número excessivo de declarações de utilidade pública, por exemplo, é necessário. "O que as pessoas vêem como demagogia, é positivo. As entidades do terceiro setor estão articuladas e a transformação em associações de utilidade pública é a porta de acesso para o recebimento de recursos", afirma o líder do governo na Assembléia, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB).

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Para o deputado Mauro Moraes (PMDB), que apresentou o maior número de projetos na Casa, é um exagero o volume de declarações de utilidade pública, que são, muitas vezes, incentivadas pelos próprios deputados. "As associações ficam na esperança de receber verbas estaduais e acabamos votando centenas de projetos que não dão em nada porque o governo não libera um centavo a pedido dos deputados."

Outro problema, na avaliação de Mauro Moraes, são os títulos de cidadão honorário, que estão sendo "vulgarizados" pelo excesso. O deputado defende que cada bancada de partido tenha direito a apresentar um projeto por ano para filtrar as homenagens.