Ricardo Barros: deputado do PP será candidato ao Senado na chapa do PSDB paranaense, enquanto seu partido deve apoiar Dilma no cenário nacional| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina

O presidente nacional do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), anunciou ontem que o partido não vai se coligar formalmente ao PT ou ao PSDB nas eleições de outubro. No entanto, segundo o parlamentar, o PP deve fazer um evento no próximo dia 7 para "declarar apoio político" informal à campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT).

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A decisão aumentou ainda mais a indignação de alguns tucanos paranaenses, que já estavam descontentes com a aliança local entre PSDB e PP. Para eles, essa é mais uma prova de que não há justificativa para o partido fechar acordo no estado com um partido contrário à candidatura do presidenciável tucano, José Serra.

De acordo com Dornelles, a Executiva Nacional do PP fez uma consulta aos diretórios estaduais que, em sua maioria, se mostraram favoráveis a Dilma. Apesar disso, o partido preferiu manter a neutralidade nacionalmente para evitar desgastes em estados onde há alianças locais com o PSDB, entre eles o Paraná.

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"Nós vamos deixar aberto oficialmente [a possibilidade de o PP fazer quaisquer coligações nos estados] para não criar nenhuma dificuldade, mas vamos fazer um evento para declarar apoio político ao PT", afirmou Dornelles. "É melhor fazer desta forma para evitar ter que fazer intervenção em um ou outro estado. Dessa maneira, evitamos um desgaste interno desnecessário."

O posicionamento do PP irritou os tucanos locais contrários à aliança com o partido no estado – por meio da qual o PSDB vai apoiar o deputado federal Ricardo Barrros (PP) na eleição para o Senado.

Maior crítico do acordo, o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB) classificou o PP como uma legenda "governista", ao contrário do PSDB, que faz oposição ao governo Lula. Para ele, Ricardo Barros é "dilmista" e homem de confiança do presidente Lula, por ter atuado como vice-líder do governo na Câmara Federal na atual legislatura. "Nunca tive expectativa nenhuma com o PP, até porque, se eles tivessem certeza de que a Dilma irá ganhar a eleição, já estariam com o PT. Eles só querem o poder pelo poder", criticou. "Fora o tempo de tevê, o PP não nos serve de nada. Muito pelo contrário. Com eles na coligação, podemos perder vagas na Câmara e ainda fomos tolhidos de lançar candidato ao Senado."

Seguindo o mesmo discurso de Hauly, o deputado federal tucano Gustavo Fruet afirmou que, com o apoio informal do PP a Dilma, o tempo de televisão desse partido no Paraná (2 minutos e 40 segundos) não mostrará as propostas de José Serra. "Vamos perder uma peça importante na campanha. O tempo de televisão e os comerciais do PP vão ser utilizados na campanha [do Ricardo Barros] e não para o Serra", afirmou. "[A decisão do PP nacional] é mais um fator que mostra que nosso questionamento sobre a aliança no estado procede, inclusive tendo reflexos no projeto nacional do PSDB."