A direção do PP resolveu antecipar do dia 11 para esta quarta-feira (6) reunião com as bancadas da Câmara e do Senado para definir se o partido continuará na base aliada da presidente Dilma Rousseff ou se irá desembarcar. O presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), recebeu um grupo de cerca de 20 parlamentares na manhã desta terça-feira (5), quando decidiu mudar a data.
Apesar da pressão por uma posição oficial do partido ser do grupo pró-impeachment, os governistas acreditam ter maioria pela permanência no governo e, com isso, poderão negociar cargos em troca de votos contra o impeachment.
Pelas contas dos deputados progressistas, 20 são contra o impeachment e 20 a favor e outros dez estão indefinidos, a espera das negociações com o Palácio do Planalto. “O importante neste momento é que temos uma data para o partido tomar uma decisão”, afirmou o deputado Jerônimo Goergen (RS), que esteve na reunião com Ciro Nogueira.
Desde a noite de segunda-feira (4), deputados que estão negociando com o governo admitiam que a reunião onde o partido se posicionaria sobre o processo de impeachment e eventual desembarque, que aconteceria após a votação da comissão especial, poderia ser antecipada. Uma das razões seria a demora no governo em decidir sobre o espaço do PP na Esplanada, depois que ministros do PMDB estão se recusando a deixar os cargos.
Segundo interlocutores do partido, tanto o governo Dilma quanto os aliados de Michel Temer estão “oferecendo terrenos na lua”. A diferença é que Dilma tem o poder de nomear logo, enquanto Temer não assumiu ainda.
“A moeda do governo está podre e o governo demora em resolver. Tanto Dilma quanto Temer estão oferecendo terrenos na lua. A diferença é que Dilma tem o poder de nomear. Se ela nomear, pode mudar a contabilidade. Mas, por enquanto, está tudo muito enrolado”, disse um parlamentar do PP.
No cálculos de aliados do governo no partido, o PP conseguirá garantir 25 votos contra o impeachment.
Deputados afirmam que o cenário em relação ao processo está muito indefinido e tudo dependerá da percepção dos parlamentares: se perceberem, perto da votação, que Dilma tem condições de vencer e se manter à frente do governo, conseguirão mais votos a seu favor. Caso contrário, o governo terá apenas os votos dos aliados mais fiéis, do PT e PCdoB.
A votação na Comissão do Impeachment poderá dar um sinal da força do governo. Embora a derrota seja dada como certa, Dilma terá que garantir pelo menos um terço dos votos na comissão para mostrar que tem força para vencer na votação decisiva no plenário da Casa, onde são os favoráveis ao impeachment têm que conseguir pelo menos 342 votos dos 513 possíveis.
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