Dois dias após anunciar o desembarque do PP do governo e o apoio do partido ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), deverá fechar questão sobre o tema, com punição para aqueles que desrespeitarem a ordem.
A decisão é uma retaliação às negociações individuais que deputados do partido fizeram para dar seus votos contrários ao impeachment em troca de cargos no governo.
O que mais irritou a cúpula do PP foi o fato de o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), junto a deputados da Bahia, como Roberto Britto (BA) e Ronaldo Carletto (BA), e do mineiro Luiz Fernando Faria – que já declarou voto a favor do impeachment –, terem indicado José Rodrigues Pinheiro Dória para o Ministério da Integração no lugar de Gilberto Occhi, que entregou sua carta de demissão um dia após o partido ter anunciado o rompimento com o governo.
O grupo esteve na quarta-feira no Palácio do Planalto negociando com o governo e acertou que Dória seria nomeado ministro interinamente.
“Eles passaram dos limites. É uma afronta indicar ministro um dia depois de o partido ter desembarcado. A partir de agora, quem não seguir a orientação da Executiva, vai sofrer punições. Vai ter intervenção no estado e até expulsão”, afirmou um interlocutor de Ciro Nogueira.
Após ser avisado da decisão da Executiva, no entanto, José Pinheiro Dória, que é secretário de Irrigação do Ministério da Integração ligado à ala governista do PP e que assumiria a pasta como ministro interino, declinou do convite nesta quinta-feira.
Fachin é o relator da ação da AGU para barrar impeachment no STF
Leia a matéria completaEle explicou, em uma carta à presidente Dilma Rousseff, que não poderá aceitar o posto por conta da decisão tomada pelo partido, que decidiu sair da base de sustentação do governo.
“Agradeço a confiança e a lembrança de meu nome”, escreveu Dória, mas “declino da indicação em função de decisão tomada pela bancada do Partido Progressista na Câmara dos Deputados”.
Eduardo da Fonte alega fazer parte de um grupo de cerca de 14 deputados que fechará uma decisão conjunta sobre o impeachment, a ser anunciada somente nesta sexta-feira. Ele, no entanto, disse que a decisão da Executiva de fechar questão com possibilidade de punição é um fato que será levado em conta na decisão.
“O fato do partido fechar questão é relevante e o grupo vai ter que avaliar. Mas não posso garantir o voto de ninguém”, disse.
Ciro Nogueira contabilizava quarta-feira ter 42 dos 47 votos dos deputados do partido a favor do impeachment. O senador apoiava a presidente Dilma e resistiu em mudar de lado. Só depois que a bancada na Câmara tomou a decisão majoritária ele decidiu segui-la, após ter conversado com o vice-presidente Michel Temer sobre a participação do PP em um eventual governo peemedebista.
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