A Juventude do PPS fez nesta sexta-feira uma manifestação, no gramado do Congresso, para pedir o afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de ter despesas pessoais pagas por lobista. Os cerca de 50 jovens chegaram a levar uma vaca para a manifestação e levantaram faixas com os dizeres "Renan, a política avacalhada" e "A vaca produz leite. O Renan, nota fria". Um grupo de mais de 80 policiais militares, parte deles montada em cavalos, se posicionou em frente ao Congresso para impedir que os jovens entrassem no Parlamento.

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Mais cedo, o ministro da Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, lamentou o clima de tensão que vive o Senado por conta das denúncias contra Renan. Mares Guia se encontrou com o presidente do Conselho de Ética, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), na manhã desta sexta-feira. Segundo Quintanilha, no entanto, o motivo do encontro não foi a crise política, mas assuntos relativos a seu estado. O ministro teria aproveitado a reunião para comentar sobre a crise.

- Ele falou que está acompanhando o momento de tensão e dificuldade que Senado está vivendo - disse.

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Esta semana, parlamentares ameaçaram obstruir a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), se Renan presidisse a sessão. Para Quintanilha, no entanto, Renan deve continuar exercercendo suas atribuições enquanto as investigações não foram concluídas. Ele disse que se o Congresso entrar em recesso a partir do dia 18 de julho, depois de votada a LDO, o Conselho de Ética também vai parar. Mas afirmou que os relatores podem continuar analisando o processo, a partir dos documentos que já estejam disponíveis no Senado. O senador negou que esteja atrasando as investigações.

- Todos nós temos pressa. O Senado tem pressa, sobretudo os relatores. Mas não podemos atropelar as coisas, é preciso que aconteçam de forma correta, firme, transparente. Não há nenhum sentimento de postergação. Vamos fazer as coisas dentro dos prazos - defendeu o presidente do Conselho de Ética.

Jarbas diz que discussão sobre sucessor de Renan é inoportuna

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) classificou de "incovenientes e inoportunas" as especulações sobre o sucessor de Renan Calheiros, na hipótese de cassação do presidente do Senado por quebra de decoro. Para Jarbas, essa discussão termina contribuindo para o desgaste da imagem da casa, que está "arranhada" perante a opinião pública.

- Abrir agora a sucessão de Renan é um desatino - disse.

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Questionado sobre a defesa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez de Renan, Jarbas admitiu que é "um peso desfavorável" a uma solução para o caso.

- O presidente praticou um ato inconveniente ao se intrometer nos problemas do Legislativo - afirmou o senador.

Conselho de Ética divide processo contra Renan em duas partes

Na quinta-feira, o Conselho de Ética decidiu dividir a investigação do caso em duas partes. Uma, externa, será feita pela PF e deve concluir a perícia nos documentos de defesa de Renan. Outra, dentro do Senado, envolverá a análise da evolução patrimonial do senador entre 2002 e 2006, e uma comparação entre obras públicas realizadas pela Mendes Júnior e as emendas orçamentárias feitas pelo senador. Renan é acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista.

Na avaliação de Quintanilha, o recesso não atrapalhará as investigações uma vez que a Polícia Federal levará ao menos 20 dias para concluir a perícia sob os documentos apresentados Renan. O senador Renan Calheiros e o PSOL já foram comunicados para que enviem ao colegiado, até terça-feira, novos questionamentos sobre a investigação.

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Também na quinta-feira, um dos relatores do processo contra Renan Calheiros no Conselho de Ética, senador Renato Casagrande (PSB-ES), disse que o processo de investigação não deve ser encerrado antes de 45 dias. Os três relatores pretendem fazer um levantamento da evolução patrimonial de Calheiros entre 2002 e 2006.

Estes dados, segundo Casagrande, serão utilizados na comparação de execuções de obras feitas pela empresa Mendes Júnior com recursos orçamentários, a partir de dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi).