O governo do estado está preparando um edital de licitação para contratar agências de propaganda. O edital, que deverá ser publicado nos próximos dias, veio em função da decisão judicial que impediu o estado de contratar diretamente emissoras de televisão, sem o intermédio das agências, que cobram pelo serviço até 20% de comissão sobre o valor total da verba pública.
A intermediação feita pelas agências vem sendo condenada pelo governador Roberto Requião (PMDB), que considera o serviço antieconômico e desnecessário. Em maio, Requião decidiu criar uma nova forma de contratação das emissoras de tevê, estabelecendo previamente os valores que seriam pagos pela divulgação de ações do governo, sem a participação das agências de propaganda.
A Secretaria Estadual de Comunicação Social iniciou um cadastramento de emissoras de televisão interessadas nas condições propostas pelo estado. O processo, no entanto, foi interrompido no mês passado pela Justiça, por meio de um mandado de segurança impetrado pelo Sindicato das Agências de Propaganda do Paraná (Sinapro).
Uma decisão concedida pelo juiz João Henrique Coelho Ortolano, da 2.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, considerou irregular a contratação direta dos veículos de comunicação pretendida pelo governo. Segundo a decisão, a medida fere a lei das licitações, que veda a criação de novas modalidades de editais de concorrência ou a combinação dos existentes. A procuradoria do estado recorreu para derrubar a liminar, mas em 16 de junho uma nova decisão do desembargador Luiz Mateus de Lima a manteve. O governo acatou a decisão e suspendeu o credenciamento das emissoras.
Gastos
O orçamento do estado de 2009 prevê R$ 53 milhões para gastos em comunicação social. Para aplicar o dinheiro, será retomado o sistema de licitação. "O Judiciário quer discutir melhor para ver se é legal a contratação direta dos veículos de comunicação. Nós achamos que é legal, é assim em todos os países do mundo, mas não vamos aguardar o julgamento da ação para fazer algum tipo de divulgação do estado. Estamos providenciando outra licitação tradicional para contratar agência de propaganda", disse o procurador-geral do Estado, Carlos Marés.
Além da economia de aproximadamente 20% sobre o valor da licitação, Marés afirma que a intenção do governo é combater um "esquema" que tem dado muitos "dissabores" para o Brasil. "É um princípio errado transferir verba pública para administração privada. O governo transfere por exemplo R$ 10 milhões para ser administrado por uma agência. Ela decide os veículos, quanto vai pagar e de que forma. Isso dá margem para o superfaturamento de serviços e desvios de recursos", disse o procurador.
Para o advogado Paulo Petrocine, da G.A. Hauer Advogados Associados, autor da ação, o governo inventou uma modalidade de qualificação que não existe, um caso "exdrúxulo e anônalo." Petrocine representa a Sinapro, a Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro) e outras entidades ligadas ao setor.
Segundo ele, o procedimento de divulgação via agências de publicidade é usual, legal e usado no Brasil inteiro.
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