Brasília - O cascavelense Acir Gurgacz (PDT) deve assumir hoje uma vaga no Senado não pelo Paraná, mas por Rondônia. Segundo colocado nas eleições do estado para senador em 2006, ele ficará com a cadeira de Expedito Júnior (PR), cassado por compra de votos no ano passado. A decisão foi confirmada ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por sete votos a um.
A posse de Gurgacz depende agora apenas do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). "É uma vitória da democracia, contra a velha política praticada nos rincões do Brasil", comemorou o pedetista. Ele estava ontem em Porto Velho (RO), aguardando a decisão do STF, e viaja hoje para Brasília.
Gurgacz mudou-se do Paraná para Rondônia em 1982 e desde então mora no município de Ji-Paraná. O futuro senador é filho de Assis Gurgacz, fundador da União Cascavel de Transportes e Turismo (Eucatur), primeira empresa de ônibus a fazer a linha Norte-Sul do Brasil, na década de 70. A família comanda um grupo empresarial com ramificações em seis estados e que emprega 7 mil funcionários.
A base dos negócios continua sendo Cascavel, cidade que já conta com três deputados federais eleitos pelo Paraná Alfredo Kaefer (PSDB), Eduardo Sciarra (DEM) e Fernando Giacobo (PR). Além disso, o primeiro suplente de Acir é o próprio pai, que divide residência entre Ji-Paraná (RO) e Cascavel. Como Acir deve concorrer a governador de Rondônia em 2010, com boas chances de vitória, a troca por Assis manteria uma cadeira a "mais" para o Paraná no Senado.
Acir, entretanto, evita falar sobre um possível favorecimento às causas paranaenses. "O Senado defende o interesse do Brasil. Tudo o que é bom para Rondônia, será bom para o Paraná. Pretendo exercer um mandato que seja reconhecido porque ajudou a melhorar o país."
Líder do PDT no Senado, Osmar Dias declarou que Gurgacz "tem o coração paranaense": "Ele entende a realidade do estado e, além disso, é do meu partido. Será mais um reforço nas votações que interessam aos paranaenses".
Se for candidato a governador de Rondônia, Gurgacz mais uma vez deve enfrentar Expedito Júnior, que recuperará os direitos políticos até a disputa. Em 2006, Expedito Júnior ganhou a campanha para senador com 267 mil votos. Acir Gurgacz ficou logo atrás, com 210 mil votos.
A guerra entre os dois, no entanto, não acabou com a proclamação do resultado. Expedito Júnior assumiu a cadeira cercado por denúncias de irregularidades eleitorais. A principal delas foi o uso de "formiguinhas" (cabos eleitorais de última hora) nas vésperas da votação.
A acusação levou à cassação pelo Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia (TRE-RO), em 2007. Logo depois, ele recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ganhou. Depois, o próprio Gurgacz moveu ação contra o rival. A denúncia aponta que Expedito Júnior teria pago R$ 100 por voto a funcionários da empresa Rocha Segurança e Vigilância Ltda, que pertence ao irmão do senador eleito, Irineu Gonçalves.
O TRE-RO novamente considerou a denúncia procedente e, no ano passado, o TSE rejeitou a ação cautelar para que o parlamentar pudesse continuar no cargo. Na prática, Expedito Júnior já deveria ter sido afastado do cargo há mais de um ano. A Mesa Diretora do Senado, entretanto, descumpriu a determinação judicial e esperou pelo posicionamento final do STF.
Durante o julgamento de ontem, o ministro do Supremo Celso de Mello, fez críticas à postura dos senadores. "Estamos vendo, neste caso, reiterada recusa por parte da Mesa do Senado de cumprir uma ordem judicial. Isso é uma anomalia, se situa na patologia do exercício e da prática do poder."
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