Transportes
Passos diz que é da cota do Planalto
Sobrevivente da faxina promovida pela presidente Dilma Rousseff nos Transportes, o ministro Paulo Sérgio Passos disse ontem que é da cota do Planalto e desvinculou sua permanência no cargo de uma decisão do PR de abandonar a base aliada. "Fui convidado pela presidente Dilma Rousseff e a ela pertence o cargo. Estarei pronto para servir a seu governo enquanto a presidente decidir que eu sou a pessoa certa para conduzir o Ministério dos Transportes."
Ao falar na Comissão de Infraestrutura do Senado, Passos reconheceu que a situação no ministério "não está tudo às mil maravilhas". Ele atribuiu o sobrepreço identificado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) às "mudanças nas dimensões e nas características dos projetos e até mesmo à contratação de obras mediante apenas o projeto base, o que leva à adoção de aditivos". "Ainda que tenhamos aditivos além da quantidade do que seria aceitável, não se pode fazer a ligação de aditivos com atos ilícitos", alegou. Em quase 2 mil contratos, Passos apontou a existência 967 aditivos no ano passado e de 550 aditivos nos primeiros seis meses deste ano, o que considera "aceitável".
O Partido da República (PR) anunciou ontem que irá atuar de forma "independente" do governo Dilma Rousseff nas votações do Congresso depois que a presidente promoveu uma "faxina" no Ministério dos Transportes, comandado pela pasta.
Presidente da sigla, o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) anunciou que o partido vai "abrir mão" dos cargos que ocupa. "Manteremos a atitude responsável que caracteriza a nossa trajetória no Legislativo, mas atuaremos de forma independente. Abrimos mão de todos os cargos hoje ocupados por indicações de nossas bancadas", disse.
O PR não informou quantos cargos o partido tem. Nascimento também não anunciou que todos os indicados deixarão seus postos após o anúncio da "independência", mas que caberá ao governo decidir o que fazer. O PR tem 41 deputados e seis senadores.
Apesar de Dilma ter nomeado o secretário-executivo Paulo Sérgio Passos como ministro no lugar de Nascimento, o PR não reconhece o cargo como do partido embora ele seja filiado à sigla. "Sua nomeação reflete decisão pessoal e isolada da presidente", disse Nascimento. (Leia mais ao lado)
No discurso de pouco mais de cinco minutos, o presidente do PR afirmou que o partido não aceita ser tratado como "aliado de pouca categoria, fisiológico e oportunista". Disse que a declaração de independência não é um "ressentimento" do partido com o afastamento de 28 servidores dos Transportes.
Antes de discursar, Nascimento foi pressionado por um grupo de senadores a recuar da decisão por resistirem à entrega dos cargos. O líder da "rebelião" foi o senador Magno Malta (PR-ES), que tem o irmão Maurício Malta como assessor do Dnit.
Numa discussão com Nascimento, Malta disse que não era "moleque" nem mudaria sua posição. E pediu que o presidente do PR não lhe "apontasse o dedo". "Não sou criança para ficar mudando de posição. Ninguém manda em mim, tive 1,3 milhão de votos. Eu sou da base do governo", afirmou Malta.
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