O deputado federal Paulo Martins, pré-candidato tucano à prefeitura de Curitiba, faz parte de uma nova leva de políticos do PSDB que vão disputar as eleições municipais em 2016. Em várias capitais do Brasil, o partido está lançado nomes jovens ou com pouco tempo de carreira na política. Martins, porém, se destaca pela ferocidade com que ataca as gestões do PT e pela postura em relação a temas mais polêmicos.
Martins, de 35 anos, que em 2014 disputou sua primeira eleição, para a Câmara Federal, usou de brincadeiras e ironias para fazer frente ao rótulo de “reacionário”. Durante a campanha, ele brincou que poderia ser chamado de reacionário no sentido dado pelo escritor Nelson Rodrigues: reagir contra tudo que não presta.
Os detratores de Paulo Martins usam o termo para questionar o que consideram ideias antiquadas do jornalista, que era filiado ao Partido Social Cristão (PSC) até março, quando trocou a legenda pelo ninho tucano. Ele afirma que poderia ser considerado um “conservador” no sentido utilizado nos Estados Unidos.
“No Brasil a discussão sobre isso é complicada, porque se você não pensa como a militância é taxado, e o termo conservador ficou pejorativo. Seguindo a linha usada nos Estados Unidos, sou um conservador por ser liberal na economia e por resguardar os valores morais da sociedade”, explica.
O pensamento de Martins ganhou repercussão pelo posicionamento assumido no antigo Jornal da Massa, da retransmissora do SBT no Paraná. Ele fazia parte do time de comentaristas e quase sempre adotava posições polêmicas, que geravam debates com os colegas de mesa. Questionava, por exemplo, a afirmação de que havia mais crimes contra homossexuais ou que estes não recebiam o devido cuidado das autoridades policiais.
Em 2014, o jornalista recebeu 63,9 mil votos, o que lhe deu a segunda suplência da coligação. Em março de 2016 migrou para o PSDB, da mesma coligação, e assumiu a cadeira deixada por Valdir Rossoni, que agora comanda a Casa Civil no governo de Beto Richa.
Na Câmara, o deputado tem concentrado os esforços na crítica ferrenha aos petistas. Os sete discursos registrados desde que assumiu foram sobre o tema. Sua página no Facebook também é dominada pelas menções negativas a Dilma, Lula e ao legado dos governos do PT.
Paulo Martins foi oficializado candidato do PSDB à prefeitura de Curitiba somente no fim de maio. E só nesta semana começou a falar sobre temas municipais. Em visita à Assembleia Legislativa do Paraná na segunda-feira (13), criticou o prefeito Gustavo Fruet. “Foi um bom parlamentar, mas está deixando a desejar. O curitibano que votou nele percebe que trocou um parlamentar de ponta por um executivo medíocre”.
Mais armamento
O deputado Paulo Martins defende o armamento da população. No fim de maio, após vir à tona o caso de estupro coletivo de uma jovem no Rio de Janeiro, escreveu no Facebook: “Como deputado, o que melhor posso fazer para proteger as mulheres de covardes estupradores é garantir o direito delas portarem uma arma. Na bolsa, lápis, batom e uma 9 mm”.
Pelo país
Como está voltado aos temas federais, ainda não é possível saber o entendimento de Martins a respeito dos assuntos locais. Atitude semelhante tem o deputado federal Nelson Marchezan Jr., deputado federal em segundo mandato e pré-candidato do PSDB à prefeitura de Porto Alegre. O perfil dele no Facebook também é repleto de citações prejudiciais a Dilma, Lula e ao PT.
Outras apostas novas do PSDB nas capitais estão priorizando os assuntos municipais. O PSDB trabalha com os nomes de Mariana Carvalho para a prefeitura de Porto Velho (RO); Daniel Coelho, 37, no Recife (PE); Major Rocha em Rio Branco (AC); Giuseppe Vecci em Goiânia (GO); e o empresário e apresentador de televisão João Dória em São Paulo (SP).
Mais privatizações
Uma postura em comum entre os pré-candidatos do PSDB nas capitais é a crítica ferrenha ao intervencionismo estatal, que pode já preparar terreno para as eleições presidenciais em 2018. Paulo Martins defende abertamente o liberalismo econômico e já afirmou ser contra o Imposto de Renda e o Banco Central.
Em São Paulo, João Dória declarou ao jornal “El País” que pretende conseguir dinheiro privatizando o Estádio do Pacaembu, o autódromo de Interlagos e o parque de convenções do Anhembi.
Novatos têm mais chance de responder às demandas neste momento, diz Martins
O deputado federal Paulo Martins, que foi confirmado pré-candidato do PSDB para a prefeitura de Curitiba somente no fim de maio, afirma que o prazo está apertado, mas que vai trabalhar com afinco para expor suas opiniões sobre os temas locais e propor soluções para os problemas da cidade.
O ideal, diz Martins, é ter seu nome confirmado pelo partido em no máximo duas semanas, para viabilizar o planejamento das propostas. Pela Lei Eleitoral, as convenções partidárias de 2016 vão ocorrer mais tarde: entre 20 de julho e 5 de agosto. A propaganda eleitoral começa em 18 de agosto.
“A candidatura para uma capital é algo complexo. O prazo curto dificulta bastante. Mas essa é a realidade, e eu entrei há pouco no partido, não dava para ser diferente”, afirma. Martins, que é um dos novos rostos do PSDB para disputar as prefeituras, disse que a escolha por novatos não foi uma decisão de cúpula, mas uma imposição dos novos tempos.
“Estamos num período de transição na política, recebendo um grande fluxo de informação, que exige novas posturas. Quem já tem uma trajetória mais longa e está há mais tempo atuando na política tem mais dificuldade para responder às demandas da sociedade. O partido fez uma leitura desse quadro”, afirma.
Martins disse que sua atuação sempre foi voltada para os assuntos nacionais, e que por isso decidiu se candidatar diretamente para a Câmara Federal. “Por enquanto não explicitei minha postura sobre os temas locais, mas com certeza o farei, porque jamais serei candidato sem um programa de governo bem definido”, acrescenta.
Minorias
O deputado federal ressalta que não é contrário a direitos adquiridos por grupos minoritários, mas que por vezes têm opinião diversa e que é importante a discussão das diferentes visões. Sobre o armamento da população, por exemplo, diz que é favorável com base em estatísticas, não por defender que se faça justiça com as próprias mãos.
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