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Governador usou avião do estado
O governador Roberto Requião chegou a Brasília para lançar a pré-candidatura a presidente da República em um avião que pertence ao estado do Paraná. O evento, que tomou a agenda dele durante toda a tarde de ontem, teve apenas caráter político-partidário. Ele também foi questionado pela presença de duas equipes da TV Educativa.
Requião disse que o uso da aeronave é justificável porque ele também despacha como governador na Secretaria de Representação do Paraná em Brasília, comandada pelo irmão dele, Eduardo Requião. "É um espaço do governo do Paraná."
Requião saiu de Londrina ontem pela manhã para chegar ao Distrito Federal. Ele viaja no começo da tarde de hoje para Cascavel. O governador ressaltou que não usará o avião do estado para fazer a campanha presidencial pelo Brasil.
Sobre o uso da TV Educativa para a cobertura de uma cerimônia política, Requião disse que a televisão é um instrumento democrático. Questionado por uma jornalista sobre o caso, ele disse que ela estava convidada a "registrar o seu protesto" na emissora.
Das duas equipes que cobriram o evento, um câmera e uma repórter foram deslocados de Curitiba só para acompanhar o governador. Outra operadora de câmera e outra repórter trabalham nos estúdios da emissora em Brasília. (AG)
Brasília - Nas primeiras declarações oficiais como pré-candidato a presidente da República, o governador Roberto Requião (PMDB) fez ontem uma lista de quatro propostas para melhorar o país em curto prazo. Ele defendeu o aumento dos salários, a diminuição dos impostos, a desvalorização do real (para estimular as exportações) e a criação de uma moeda única para os países do Mercosul. Os temas econômicos também foram usados pelo peemedebista para diferenciá-lo dos dois principais candidatos ao Palácio do Planalto em 2010 a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Requião participou de uma entrevista coletiva na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. O evento, convocado para ser o marco inicial de um movimento nacional a favor do governador, foi marcada pelo boicote das principais lideranças da legenda em Brasília. Nenhum dos peemedebistas que participaram do pré-acordo com o PT, em outubro, esteve no evento.
Dos sete deputados federais do PMDB paranaense, apenas três estiveram na cerimônia André Zacharow, Marcelo Almeida e Rodrigo Rocha Loures. Além disso, a presidente nacional do partido, deputada Íris de Araújo (GO), não recebeu a moção de apoio à pré-candidatura do governador. O esvaziamento não frustrou Requião, que começa a visitar os estados no próximo fim de semana, quando viaja para Mato Grosso do Sul e Tocantins.
Confira abaixo algumas declarações de Requião durante a entrevista coletiva:
PMDB pró-PT
"O PMDB muito forte é o PMDB da base política, é o PMDB que elege os nossos candidatos. É o partido que mobiliza o povo e que existe capilarmente em praticamente todos os municípios do Brasil. Agora, nós temos um vício, que não é só do PMDB, é da política brasileira: o partido congressual. Ele se suporta nas emendas parlamentares (ao orçamento), no desejo desesperado de reeleição dos candidatos. (...) Na verdade, se essa coligação pretendida pela nossa direção parlamentar se viabilizar, a coligação terá sido feita por conta do horário partidário, mas não levará à empolgação do nosso partido."
Divergência
"O único partido que não admitia divergência era o nazista comandado pelo Hitler na Alemanha. As tendências partidárias são absolutamente legítimas. (...) Em função disso, nós estamos discutindo um programa e a candidatura própria. Eu, por exemplo, já deixei claro que se o PMDB com um programa que contemplasse a valorização da nação, do capital produtivo, do trabalho não conseguisse acreditar no lançamento de uma candidatura, tenderia para a ministra Dilma."
Dilma e Serra
"Eu não acho que a ministra Dilma não tenha experiência administrativa. Ela tem. O Serra sem dúvida tem também. O problema é programático. Nós não estamos procurando um feitor da República, mas uma pessoa que tenha pensado um programa e que se assessore convenientemente para implantá-lo. E essa assessoria que torne o programa crível depende do tipo de coligação que se faça. Eu não faço nenhuma crítica à ministra Dilma. Eu simplesmente estou aqui cobrando do PMDB espaço para o reencontro da nossa identidade. A Dilma é minha amiga pessoal, assim como o Serra também é."
Diferenciação
"A minha diferença é que sou contra a predominância do capital financeiro que acompanha as políticas sociais e a valorização do capital vadio em contraposição ao capital produtivo e ao trabalho. O neoliberalismo pretende hoje de uma forma recorrente, persistente e insistente, transformar o Brasil em um país que participa da economia global como uma China com menos habitantes, vendendo a precarização do trabalho e commodities."
Propostas
"Em um prazo curtíssimo, se o PMDB estivesse na Presidência da República, eu proporia o seguinte: aumento de salário. Os Estados Unidos quebraram porque congelaram o salário e privilegiaram a ganância e o lucro das empresas e num determinado momento eles não conseguiam mais saldar os empréstimos. (...) Por isso o salário é muito importante. Redução de impostos também é importantíssimo. Também é importante conter a valorização do dólar, que controla a inflação, mas sabota a economia brasileira. A criação de uma moeda sul-americana, valorizando essa ideia de Mercosul e ampliando as possibilidades de parceria entre os países. Nós também precisamos de um programa agrícola, de um programa industrial."
Declarações polêmicas
"As únicas ferramentas que eu tenho são a língua, a franqueza e a sinceridade na forma de fazer política. Não podemos fazer política com essa cautela que alguém já chamou de covardia, tentando a unanimidade. Eu tinha um professor de Direito no Paraná, chamado Laertes Munhoz, que me dizia: Roberto, meu filho, nunca ceda, nunca conceda. Porque a consciência também caleja. Você cede aqui e mais para frente você se perde, não tem mais ideia do que é certo e do que é errado."
Pesquisas
"Nós não estamos trabalhando com pesquisa. (...) Pesquisa agora é uma tolice. Nós estamos aqui hoje como uma espécie de exército de Brancaleone, colocando para o partido intenções legítimas de lançar a discussão política. (...) Não há avaliação possível sobre os candidatos. Eles têm o efeito residual de suas participações em campanhas anteriores. Todo mundo sabe disso, o Serra, a Dilma. Se a eleição hoje fosse plebiscitária, entre Fernando Henrique Lugo Cardoso e Lula, certamente o Lula ganharia a eleição." (Requião fazia referência ao fato de FHC ter reconhecido recentemente um filho fora do casamento, assim como o presidente do Paraguai, Fernando Lugo)
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