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Funcionários da prefeitura de Rio Bonito (RJ) disseram não saber a localização da prefeita Solange Almeida, personagem-chave na acusação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apresentada anteontem ao Supremo Tribunal Federal. A ex-deputada federal (PMDB) também foi denunciada pela Procuradoria por corrupção no esquema de corrupção e desvios na Petrobrás investigado pela Operação Lava Jato. Nenhum servidor soube informar o “paradeiro” de Solange, que, segundo eles, é a única que faz a própria agenda.

Delator associa lobista a Renan, Cunha e Temer

Em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República (PGR), o lobista Júlio Camargo - que relatou pagamento de propina ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - afirmou que o lobista Fernando Soares era conhecido por representar o PMDB, o que incluiria, além de Cunha, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o vice-presidente, Michel Temer

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Solange é acusada de ter apresentado na Câmara dos Deputados requerimentos de informações a mando de Cunha sobre contratos com o estaleiro Samsung. O objetivo seria pressionar a empresa pelo pagamento de propinas ao presidente da Casa. O “negócio”, segundo a acusação, foi intermediada pelo consultor Júlio Camargo. O fluxo de dinheiro teria sido interrompido em 2011.

Sua única manifestação foi uma nota oficial publicada no início da tarde de ontem no Facebook. Nela, Solange afirma que desde a denúncia “Deus está no controle” de sua vida e cita salmos bíblicos. Diz estar indignada e afirma haver “interesses políticos envolvidos, querendo desviar o foco da Justiça”.

“Durante o meu mandato como deputada federal fiz parte das comissões de Minas e Energia, Fiscalização Financeira e Controle, Seguridade Social, Constituição e Justiça, Finanças e Tributação. Criei e presidi a frente parlamentar em defesa dos hospitais universitários, fui relatora do Estatuto do nascituro na comissão de Seguridade Social e consegui sua aprovação com dificuldades, contrariando a bancada de parlamentares favoráveis ao aborto. Neste período, apresentei inúmeros requerimentos, trabalho este, que faz parte da função de deputado”, escreveu.

A denúncia é o assunto mais comentado por vários moradores do município de 55 mil habitantes com os quais a reportagem conversou. Ela é descrita por alguns como uma mulher católica, mas que frequenta cultos evangélicos e é querida pelos “cristãos” da cidade. Por outros, uma prefeita distante, que não fez nada para diminuir a fila da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e do hospital local e vive “fora” da cidade.

Alguns funcionários dizem ter “cruzado” com Solange pelos corredores da prefeitura no início da semana, mas que, anteontem e ontem, uma agenda externa, não revelada, a teria levado para fora de Rio Bonito. Ninguém sabia para onde fora a prefeita.

‘Abismada’. Uma pastora da igreja evangélica Ministério da Missão Profética contou que a prefeita, sempre que tem tempo, aparece no templo e ajuda financeiramente um projeto de apoio a crianças carentes do local. “Acho que ela é uma boa pessoa. Sempre que pode, ela faz uma visita. Fiquei abismada quando soube da denúncia”, contou a religiosa, que preferiu não ser identificar.

Julgamento distinto foi feito por uma professora, de 27 anos, demitida de uma creche municipal. Ela declarou que o 13.º salário dos profissionais referente a 2014 não foi pago até hoje. Segundo ela, o uniforme escolar também deixou de ser oferecido aos alunos. “As mães têm que comprar, mas as crianças são obrigadas a usar uniforme.”

A vereadora Marlene Carvalho (PPS), da oposição, criticou a prefeita. “Eu só posso falar que a gente está aguardando. Temos que aguardar até que as coisas sejam esclarecidas. A cidade é que perde, é uma cidade pequena, com pouca população, as pessoas acreditaram muito no trabalho dela. Hoje estamos com uma cidade desprovida de tudo”, criticou.

Segundo o procurador-geral da República, a ex-deputada tinha ciência de que os requerimentos da Câmara seriam formulados com desvio de finalidade e abuso da prerrogativa de fiscalização inerente ao mandato popular, para obtenção de vantagem indevida. “Cunha passou a pressionar o retorno do pagamento das propinas, valendo-se de dois requerimentos perante a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, formulados pela então deputada Solange Almeida, em julho de 2011”, escreveu Janot na decisão. Um dos requerimentos foi dirigido ao Tribunal de Contas da União e outro ao Ministério das Minas e Energia.

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