Ponta Grossa O prefeito de Jaguariaíva (Norte Pioneiro), Paulo Homero da Costa Nanni (PMDB), foi afastado pela sétima vez em três meses. Nas seis últimas ocasiões, ele foi reconduzido ao cargo pelo Tribunal de Justiça do Paraná. Nanni deixou o posto para o vice-prefeito, Samir Alves de Mello, na última sexta-feira.
Contra o prefeito há mais de 30 inquéritos civis (concluídos e em trâmite) no Ministério Público e 10 ações civis públicas em andamento no Fórum de Jaguariaíva, além de duas denúncias criminais protocoladas pelo Ministério Público no TJ. O foco das investigações e das denúncias é a suspeita de desvio de dinheiro. O prefeito acusado afirma que foi eleito com 52% dos votos e que vai lutar para se manter no cargo para cumprir seu primeiro mandato.
O Ministério Público pediu e a juíza substituta da Vara Cível de Jaguariaíva, Priscila Shoji Wagner, deferiu o afastamento fundamentado em denúncias de represálias a testemunhas e pressão a servidores municipais. O prefeito estava no cargo desde o último dia 11. Os advogados de defesa já estão providenciando o agravo no TJ para seu retorno à cadeira.
Nos seis primeiros afastamentos, os pedidos foram feitos pela juíza titular, Laryssa Copack Muniz, acusada pelo advogado do prefeito, César Augusto de Mello e Silva, de Ibaiti, de parcialidade. O jurista pretende denunciar a juíza ao Conselho Nacional de Justiça e à Corregedoria do Tribunal de Justiça do Paraná.
O advogado do prefeito, William Ken Iti Takano, de Jaguariaíva, afirma que apesar de Laryssa estar em férias, a decisão da juíza substituta é baseada nos mesmos argumentos da titular. Ele chama a atenção para o fato do TJ devolver o cargo a seu cliente. "O Tribunal de Justiça reconheceu por várias vezes que não existem motivos para o afastamento", afirma.
As ações judiciais investigadas até o momento foram oferecidas pelo grupo de trabalho do Ministério Público de Ibaiti, especializado em crimes praticados por gestores no poder público. Entre os casos que estão sendo investigados pelo Ministério Público, estão as compras de um balcão avaliado em R$ 8 mil e de uma poltrona, que custou quase R$ 3 mil.
O curioso é que o prefeito não informa à promotoria onde está a poltrona. "Eu tenho até foto com a poltrona, ela deve estar lá na prefeitura", disse à reportagem, acrescentando que acha que o móvel custou menos de R$ 3 mil, sem arriscar valores. Licitações feitas com empresas pertencentes à mesma família e denúncias de peculato também estão sendo investigadas. A oposição estima em R$ 4 milhões o montante desviado pela gestão.
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