Desfile da Gucci na Semana de Moda de Milão| Foto: REUTERS/Alessandro Garofalo

Impacto político

Coligações se dividem sobre o uso da prisão na campanha eleitoral

Bruna Komarchesqui, do Jornal de Londrina

Coordenadores das campanhas a prefeito de Londrina avaliam que a renúncia de José Joaquim Ribeiro (sem partido) já era esperada. Mas eles se dividem sobre a possibilidade de usar o assunto na campanha e na avaliação do impacto que a prisão terá na eleição.

Para Carlos Alberto Bordin, coordenador da campanha de Barbosa Neto (PDT), a prisão de Ribeiro é positiva e deve ser usada na campanha eleitoral. "Para nós isso ajuda muito, porque mostra a inocência do Barbosa [que também é acusado de corrupção]. Querem usá-lo como bode expiatório, chefe de quadrilha e não tem nada disso. Tudo isso só mostra que, além de não trabalhar na prefeitura, o Ribeiro fazia essas coisas por fora."

O coordenador da campanha do peemedebista Luiz Eduardo Cheida, Antonio Caetano de Paula Júnior, disse que a linha adotada pelo partido será mantida. Mas ele também admite que as revelações podem ajudar o eleitor a decidir seu voto, embora não creia que o impacto será significativo. "Vamos continuar mostrando que o Ribeiro, que era presidente do PSC, compõe uma coligação, e Londrina tem que abrir os olhos. Londrina diz não à corrupção, e os políticos corruptos devem ser cassados ou presos. O que precisamos questionar é: será que ele atuava sozinho? Quem participou?", questionou.

A campanha de Marcelo Belinati (PP) se manifestou sobre o assunto por meio de nota, afirmando que manterá a mesma linha "serena" adotada até agora, com foco na apresentação de propostas para o futuro da cidade. "O Partido Progressista (PP) defende todas as investigações do Ministério Público e reitera confiança nos procedimentos do Poder Judiciário para que seja restabelecida a normalidade política e administrativa no município de Londrina."

Na visão do presidente do PT em Londrina, Onaur Ruano, a prisão do prefeito não deve causar mudar as intenções de voto, já que Ribeiro não era candidato. Por esse motivo, a campanha de Márcia Lopes não mudará a estratégia que vem adotando até o momento. "Temos que lamentar, porque isso já vem de alguns dias e esse clima é ruim, não é desejado. Sabemos que cada fato tem repercussões no cenário eleitoral, mas não imagino um impacto importante que nos faça mudar de estratégia."

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Acusado de corrupção, o prefeito de Londrina, José Joaquim Ribeiro (sem partido), foi preso na manhã de ontem em Piçarras, no litoral de Santa Catarina. Logo depois, renunciou ao cargo. No início da tarde, o então presidente da Câmara de Londrina, vereador Gérson Araújo (PSDB), assumiu a prefeitura.

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Araújo é o terceiro prefeito de Londrina em 45 dias. Barbosa Neto (PDT), antecessor de Ribeiro, foi cassado pela Câmara Municipal em 30 de julho, acusado de usar dinheiro público para contratar seguranças para sua rádio particular.

Com a cassação de Bar­­bosa, Ribeiro assumiu o cargo. Mas, no início deste mês, ele confessou, em depoimento ao Ministério Público Estadual (MP), ter recebido R$ 150 mil em propina de empresários que venceram a licitação dos kits escolares para escolas municipais de Londrina.

O esquema, segundo denúncia do MP, pagou R$ 540 mil em propina a 17 pessoas, incluindo Ribeiro e Barbosa Neto. A licitação, em contrapartida, foi superfaturada em R$ 3,7 milhões, quase metade do total pago pela prefeitura (R$ 7,5 milhões).

Como as investigações ainda estão sendo feitas, o Tribunal de Justiça do Paraná acatou o pedido do MP para prender o ex-prefeito, já que ele poderia atrapalhar o andamento do caso devido ao poder que tinha. Com a renúncia, Ribeiro tenta revogar a prisão preventiva, já que agora não teria mais poder para interferir nas investigações. Foi esse argumento que o TJ usou para negar o pedido de detenção do ex-prefeito Barbosa Neto, dentre outras pessoas que não mais ocupam cargos públicos. O ex-prefeito Ribeiro seguia preso até ontem à noite, quando chegaria a Londrina, transferido de Santa Catarina.

Por e-mail

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José Joaquim Ribeiro renunciou por e-mail enviado a seu advogado, Paulo Nolasco. Essa mensagem foi apresentada para a Câmara, que validou a renúncia. "Adoto tal providência [a renúncia]. Eis que somente com ela poderei me incumbir adequadamente de provar a minha inocência e desvinculação de quaisquer atos ilícitos eventualmente ocorridos na administração de Londrina. Sou um homem, honesto e humilde que estive no lugar e na hora errada", diz o texto do ex-prefeito. Nolasco voltou a afirmar que Ribeiro não ficou com a propina, argumentando que ele apenas a pegou e a repassou a terceiros.

SubstitutoNovo prefeito promete fazer com que a cidade "esqueça os sustos"

O novo prefeito de Londrina, Gérson Araújo (PSDB), disse no discurso de posse que pretende, "nestes poucos meses, oferecer uma calmaria para que a cidade esqueça dos sustos que tem levado de uns tempos para cá". E completou: "Posso garantir para vocês que o ideal seria que eu não estivesse aqui, que os prefeitos pudessem trabalhar de forma correta".

Com a posse, Araújo terá de desistir da campanha de reeleição a uma cadeira de vereador, pois a Lei Eleitoral veda que chefes do Poder Executivo possam concorrer a outros cargos. Antes da posse, ele justificou a opção: "Quando a cidade exige, a gente não pode fugir à responsabilidade".

Araújo é pastor, formado em Teologia pela Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, e em Pedagogia, pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Foi eleito pela primeira vez como vereador de Londrina no mandato 1983-1988. Voltou à Câmara em 2009, quando foi eleito vereador pela segunda vez. Assumiu a presidência da casa no dia 3 de janeiro de 2011.

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