Por causa dos questionamentos da população sobre a não utilização de todos os veículos públicos, o novo prefeito de Alto Piquiri, Elias Pereira da Silva (PV), tomou uma decisão inusitada. Ele expôs em frente do prédio da prefeitura, na quarta-feira e ontem, todos os 24 veículos sucateados da frota, o que corresponde a um terço do total. Entre os veículos estão ambulâncias, ônibus, caminhões e tratores, que deveriam atender a uma população de 10 mil habitantes.
De acordo com o secretário Transportes, Milton Cordeiro, a intenção é mostrar aos moradores a atual situação de parte dos veículos e justificar, por meio da exposição em frente à prefeitura, a dificuldade enfrentada pela administração municipal para prestar alguns serviços. "Essa situação é uma herança das gestões passadas", disse.
Cordeiro acrescentou que uma inspeção na frota realizada no início deste mês mostrou que peças com defeitos eram substituídas por outras em bom estado, todas retiradas dos veículos aptos a atender a população. "Por conta disso, encontramos veículos bons, mas sem motor, por exemplo."
Indignação
A situação dos veículos causou indignação em moradores de Alto Piquiri, como a pedagoga Anielly da Silva Mouro, 21 anos. "Não esperava por isso. Como a gente não via a situação dos veículos, não dava para saber. Foi ver para crer."
Outro morador da cidade, que preferiu não se identificar, disse que achou a ação da prefeitura exagerada. "Acho importante mostrar a situação para população, mas acredito que existem outros meios de fazer isso. Uma discussão na Câmara Municipal ou uma ação judicial poderia ser mais eficiente."
O morador opinou ainda que a divulgação da exposição dos veículos sucateados pode criar a imagem de uma cidade miserável e mal-administrada. "Acho que isso é negativo para o município."
Elias Pereira da Silva, que já administrou Alto Piquiri entre os anos de 1993 e 1996, afirmou que naquela época a frota estava em boas condições de uso. "Desde então, não houve manutenção ou investimentos nesse setor."
O ex-prefeito Gerson Márcio Negrissoli (PSB), que entregou o cargo em 31 de dezembro de 2012, foi contatado na manhã de ontem pela reportagem para comentar a situação. No entanto, até o fechamento desta edição, ainda não havia dado resposta.