Quando a cúpula do PSDB decidiu dispensar a presença dos dois presidenciáveis do partido - os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) - no seminário de prefeitos tucanos realizado na quarta-feira (15), em Brasília, um outro encontro já havia acontecido dois dias antes em São Paulo. A pretexto de prestigiar a posse do novo secretário estadual de Educação, Paulo Renato de Souza, quatro prefeitos tucanos de capitais e outras grandes cidades fora de São Paulo foram a Serra, entoando o discurso da unidade do partido em torno de um só candidato.
A solenidade de posse de Paulo Renato transcorreu em clima de ato pró-Serra, mas a conversa dos prefeitos com o governador foi restrita e pragmática, no melhor do atual estilo do Palácio dos Bandeirantes. Com bom trânsito no tucanato desde os tempos em que presidiu o Instituto Teotônio Vilela, entidade de estudos e pesquisas do PSDB, o prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, deixou claro que os tucanos não querem tratar a fartura de candidatos como questão de preferência pessoal. "Nossa preferência não é por Serra ou Aécio, é pela vitória. O que todos queremos é entrar nesta eleição para ganhar."
"Não somos Serras boys. Estamos a serviço do PSDB", completou o prefeito, convencido de que o partido não pode se dar ao luxo de dispersar forças. "Não podemos permitir que quem não for candidato fique ressentido, guarde as armas e encerre a luta."
A iniciativa de criar um fórum de administradores tucanos de capitais para ajudar na costura da unidade interna do PSDB partiu do prefeito de Teresina (PI), Sílvio Mendes. Ele diz que o tema que tomou mais tempo do encontro, do qual também participaram os prefeitos Beto Richa, de Curitiba, e Wilson Santos, de Cuiabá, foram as dificuldades econômicas mundiais. "Fui inspirado pelo momento de crise, que demanda muita conversa, bom senso e a experiência de gestão dos tucanos que comandam cinco Estados (São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Alagoas e Roraima), além de quase 800 cidades Brasil afora", contou. Mas quem melhor traduziu a preocupação central dos tucanos de Norte a Sul foi mesmo Sebastião Madeira.
Acordo
A ideia do grupo, que também conta com o apoio do presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra, é conversar com Serra, Aécio e com a direção do partido para tentar encontrar uma "confluência" que acabe tornando as prévias dispensáveis. "É mais um fórum para tentar aplainar os caminhos para a escolha do candidato a presidente do PSDB", disse Madeira, ao explicar que o grupo trabalha para que haja um convencimento de todos em torno de um candidato.
A preocupação não é evitar a disputa nas prévias, e sim construir um entendimento para que o partido chegue mais forte para a largada oficial da corrida sucessória. O que dá vantagem a Serra no cenário de hoje é a avaliação geral de que o escolhido deve ser aquele que se mostrar eleitoralmente mais forte, porque não se pode subestimar uma candidatura que tenha um cabo eleitoral como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fator social
Madeira diz que sua experiência na eleição municipal do ano passado mostrou que o governo tem um programa social forte e milhões de militantes em todo o Brasil dizendo "em todo canto" que essa ajuda vai acabar. "Não dá para subestimar uma candidatura dessas, que se impõe pelo medo, implantando o terror nas pessoas humildes que precisam desse dinheiro", observou o prefeito.
Madeira lembra que foi ele o relator do Fome Zero, projeto que reuniu todos os programas sociais em um só, mas pondera que não adianta dizer isso aos eleitores aterrorizados com a perspectiva de perder a ajuda.
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