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 | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

A lua de mel durou pouco. Governadores e prefeitos de capitais que são filiados a partidos rivais chegaram a esboçar uma relação cordial no início de 2013, quando os novos gestores municipais tomaram posse. O clima amistoso, porém, não resistiu. Em pelo menos três dos seis maiores colégios eleitorais do país, o governador e o prefeito já escancararam a animosidade entre eles. Um dos casos mais evidentes é o de Beto Richa (PSDB) e Gustavo Fruet (PDT). Como pano de fundo, estão as eleições de 2014. "Em âmbito federal, nenhum governador é capaz de fazer uma oposição ferrenha à presidente porque tem uma relação de quase dependência com a União", explica cientista político Ricardo Costa de Oliveira, da UFPR. "Mas, nos estados, a arena de debate é mais acentuada, sobretudo porque os prefeitos têm maior autonomia orçamentária em relação ao governador."

Subsídio ao ônibus abriu conflito entre Fruet e Richa

Apesar de terem estado em lados opostos na eleição do ano passado, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) e o governador Beto Richa (PSDB) mantiveram o discurso de colocar o bem dos curitibanos acima de qualquer divergência na transição e no início da nova gestão na prefeitura – ainda que houvesse um certo constrangimento mútuo quando eles estavam juntos (foto 1). Mas a decisão de Richa de cortar o subsídio de R$ 64 milhões anuais ao transporte coletivo de Curitiba acabou com a cordialidade. Fruet evitou polemizar o tema, mas seus aliados classificaram a medida como eleitoreira pelo fato de o benefício ter sido concedido às vésperas da eleição ao então prefeito Luciano Ducci (PSB), aliado de Richa. "Estou perdendo cerca de R$ 1 bilhão de receitas em função dos últimos anúncios do governo federal. Nem por isso estou aí choramingando", rebateu o governador. De certa forma, o atrito antecipa a disputa pelo governo do estado em 2014, na qual Fruet é tido como grande trunfo para a candidatura da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), contra Richa.

Em São Paulo, até estação vira motivo de atrito (foto 2)

O início de janeiro marcou diversas parcerias entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB, à esq.), e o prefeito paulistano, Fernando Haddad (PT, dir.). Os acordos envolveram áreas como segurança, educação, habitação, transportes e saneamento. No total, os investimentos anunciados chegavam a R$ 320 milhões. A primeira rusga, entretanto, surgiu na falta de sintonia na fiscalização de estabelecimentos após a tragédia de Santa Maria (RS). Logo em seguida, Alckmin passou a reclamar de algumas ações de Haddad por, supostamente, extrapolarem as atribuições do município. Um exemplo foi a decisão do petista de deslocar para rondas noturnas PMs que trabalham para a prefeitura nas horas vagas. Também houve atritos em relação às propostas de Haddad, discutidas à revelia do governo, para estadualizar a inspeção veicular, construir uma estação de metrô no Jardim Ângela e discutir o bilhete único mensal do transporte coletivo.

Metrô desencadeia briga em Salvador (foto 3)

O retorno do carlismo na Bahia – reencarnado no novo prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM) – foi considerado uma das maiores derrotas do PT na última eleição. Surpreendentemente, porém, as divergências eleitorais cessaram e ACM Neto (esq.) e o governador Jaques Wagner (PT, dir.) estavam mantendo uma relação harmônica e até de proximidade. Wagner chegou, inclusive, a ciceronear ACM na primeira reunião do novo prefeito com a presidente Dilma Rouseff. A primeira tensão no relacionamento surgiu em relação à obra do metrô da capital baiana. A ideia é passar a responsabilidade para o governo. Mas a prefeitura não abre mão de algumas estações já negociadas com a iniciativa privada. Soma-se a isso o fato de petistas baianos reclamarem constantemente da lua de mel entre Wagner e ACM.

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