Enquanto ex-funcionários do deputado federal Natan Donadon (sem partido-RO) encaixotavam objetos pessoais para desocupar o gabinete 239 do anexo quatro da câmara, correligionários de Rondônia que participaram da Marcha dos Prefeitos, em Brasília, se revezaram nos corredores da Casa para lamentar a ausência do parlamentar. Segundo eles, Donadon passou os últimos anos "lutando" por mais recursos para a região sul do Estado. "Para nós foi uma perda grande", resumiu o prefeito de Pimenteiras do Oeste, João Miranda (PSDB).
Nesta quarta-feira, o deputado federal, preso desde o dia 28 de junho por peculato e formação de quadrilha, recebeu a visita de familiares no Presídio da Papuda e foi informado de que perdeu suas prerrogativas parlamentares. Ao mesmo tempo, os prefeitos que foram nesta tarde ao antigo escritório de Donadon se depararam com sacos de lixo na porta do gabinete, ainda identificada com o nome do ex-peemedebista.
"Nós estávamos afinados com o Natan", comentou o inconformado João Miranda. De acordo com o prefeito, projetos de sua cidade ainda estavam sendo discutidos com o deputado. Os funcionários de Donadon também relataram a visita do prefeito de Cerejeiras, Airton Gomes (PP) , que perguntou o que seria da nova rodoviária de sua cidade sem o deputado. "Tinham emendas já para liberar os recursos, agora é esperar o Amir Lando (suplente de Donadon) que disse que vai assumir. Ele é da região também e vai nos dar esse apoio", disse o prefeito tucano.
Nesta terça-feira, 9, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), anunciou o corte dos salários do deputado e a exoneração dos seis funcionários de seu gabinete. Nesta quinta-feira, 11), às 10 horas, agentes da Polícia Legislativa receberão as chaves das mãos da ex-secretária de Donadon e lacrarão o gabinete. A família do parlamentar será notificada para desocupar o apartamento funcional onde vivem em Brasília.
"Hoje ele ficou sabendo que extrapolaram o processo dele", afirmou uma funcionária, se referindo à perda das prerrogativas de parlamentar. Segundo relato de familiares, Donadon não ficou surpreso com a expulsão do PMDB, mas não esperava perder as prerrogativas parlamentares antes do término do processo de cassação. Apesar da medida inesperada anunciada por Alves, Donadon não demonstrou revolta.
Desde que foi preso, Donadon está em cela individual e só pode receber a visita de quatro parentes, às quartas-feiras. Ele não dá sinais de depressão, mas de confiança de que conseguirá reduzir a pena de 13 anos de detenção e ser transferido para um presídio em Rondônia, contam os funcionários. "Ele é um homem de fé", definiu uma ex-auxiliar.
Nas duas semanas últimas desde a prisão do parlamentar, os seis funcionários continuavam trabalhando diariamente, informou a ex-assessora de imprensa, Tatiana Soares. "Ele é um chefe muito querido", justificou.