Efeito dominó| Foto:

Veja o vídeo dos ex-candidatos recebendo dinheiro das mãos de Alexandre Gardolinski, coordenador do comitê pró-Beto

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A operação "limpeza" desencadeada pela prefeitura de Curitiba após o caso do Comitê Lealdade vir à tona atingiu mais cinco pessoas ontem. O prefeito Beto Richa (PSDB) exonerou o assessor técnico Luiz Carlos Déa (o ex-vereador Mestre Déa), lotado na Secretaria do Esporte e Lazer; o gestor público Luiz Carlos Pinto e o assessor técnico Gilmar Luiz Fernandes, ambos da Secretaria do Governo Municipal. Os servidores de carreira Cristiane Fonseca Ribeiro (da Secretaria do Trabalho) e Nelson Bientinez Filho (Secretaria de Finanças) perderam gratificação. Todos eles aparecem em vídeo filmado dentro do Comitê Lealdade recebendo dinheiro do coordenador do escritório, Alexandre Gardolinski, durante a campanha eleitoral de 2008.

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Outras três pessoas já haviam sido exoneradas pela prefeitura por causa do caso: Gardolinski, que ocupava cargo em comissão na Secretaria do Trabalho; o secretário de Assuntos Metropolitanos Manassés Oliveira e Raul D’Araújo Santos, superintendente da Secretaria de Assuntos Metropolitanos. As demissões deles ocorreram na tarde de quinta-feira passada, enquanto a reportagem da Gazeta do Povo apurava a denúncia de irregularidades no comitê.

A prefeitura não justificou as exonerações de ontem. A reportagem conseguiu contato com três dos cinco que foram punidos. Déa disse estar muito decepcionado e afirmou que a demissão foi injusta. Ele argumenta que não cometeu nenhuma irregularidade. "O dinheiro que peguei (duas parcelas de R$ 800) foi gasto na campanha. Prestei conta disso. Até assinei recibo. Fiz errado em um, mas refiz o recibo, com todos os meus dados." Ontem ele disse que o dinheiro foi gasto para pagar panfletagem. No vídeo gravado no Comitê Lealdade, ele falava sobre "boca de urna". Para Déa, a responsabilidade pela prestação de contas era de Gardolinski. "Se isso não foi feito, não é culpa minha."

Gilmar Luiz Fernando afirmou que "o vídeo é uma armação". Ele diz que não ocorreu nenhuma irregularidade. "Recebemos apenas o ressarcimento de despesas. Prestamos as contas para o comitê. Se dali para a frente não foi feito nada, não é nossa responsabilidade." Ele ressaltou que o PRTB sempre apoiou o prefeito. "Como é que nós venderíamos nosso apoio se o PRTB nunca foi de oposição?"

No ano passado, a cúpula do partido determinou a coligação com o PTB, que tinha como candidato a prefeito o deputado estadual Fabio Camargo. Isso desagradou à maioria dos candidatos a vereador do PRTB: 31 desistiram da candidatura e se desfiliaram do partido. A maior parte formou o Comitê Lealdade. Segundo eles, a ata da reunião que definiu a aliança com o PTB teria sido falsificada pela liderança estadual do PRTB. A Polícia Federal indiciou o presidente do partido no Paraná, Marino José Teixeira, por apresentar à Justiça Eleitoral um documento divergente do que foi assinado pelos filiados, que defendiam a candidatura própria, de Marinete Silva.

Bientinez Filho disse que não iria comentar o caso, seguindo recomendação de seu advogado. A reportagem tentou falar com Cristiane Fonseca Ribeiro e Luiz Carlos Pinto ontem durante toda a tarde, mas não os localizou até o fechamento desta edição. Gardolinski também foi procurado, mas não respondeu ao pedido de entrevista.

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Sindicância

Além das demissões, a prefeitura, por meio da Procuradoria-Geral do Município, também abriu ontem sindicância para investigar as denúncias apresentadas pelo empresário Rodrigo Oriente, que trabalhou no Comitê Lealdade, contra atos da administração municipal. O empresário apontou 14 supostas irregularidades, mas a assessoria de imprensa da prefeitura não informou quais seriam, nem contra quem. "Apesar de não ter apresentado evidências que comprovem as supostas irregularidades listadas por ele, nossa determinação em checar todas as denúncias é grande", disse Ivan Bonilha, em nota enviada pela prefeitura. O prazo para a conclusão da sindicância é de 30 dias. Após esse período, a Procuradoria-Geral poderá propor o arquivamento, a instauração de processo administrativo-disciplinar ou ainda encaminhar uma denúncia ao Ministério Público Estadual.