Brasília - O microempresário Laurindo Belice sonhou com a casa própria toda a vida. Em 2004, ao comprar apartamento da Bancoop, achou que finalmente havia conseguido. Se enganou. "Paguei R$ 62 mil em um pedaço de papel", afirma, exibindo o folder do empreendimento da cooperativa. Belice é apenas um dos centenas de mutuários lesados pela Bancoop e que movem na Justiça ações contra a cooperativa que já foi presidida pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Belice e outras pessoas que foram lesadas pela cooperativa estiveram ontem no Senado relatando sua história. Representante de dez associações de vítimas da Bancoop, o advogado Valter Picazio Júnior foi um dos que prestou depoimento aos senadores ontem na Comissão de Direitos Humanos. Segundo ele, dos 51 empreendimentos imobiliários da cooperativa, 20 estão inacabados, 13 não saíram do papel e outros 18 foram entregues.
Entre os que foram prejudicados pela Bancoop está o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como foi revelado na semana passada, o presidente espera há anos a entrega de uma cobertura típlex na Praia das Astúrias, no Guarujá (litoral paulista). O imóvel consta da declaração de bens que o presidente entregou à Justiça Eleitoral em 2006, na época da campanha à reeleição. No documento, aparecia que até maio de 2005, Lula já havia pago cerca de R$ 47,6 mil pelo imóvel.
O empreendime foi desvinculado da Bancoop e repassado a outra empresa por uma decisão dos cooperados. A transferência teria significado um aumento considerável no valor do imóvel e das parcelas pagas. Apesar da transferência para outra empresa, o empreendimento continua parado.
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